Folha de S. Paulo


Manifestantes bloqueiam acesso a Belo Monte há cinco dias no Pará

Índios e ribeirinhos bloqueiam parcialmente há cinco dias a BR-230 (Transamazônica), em Vitória do Xingu (PA), e impedem o acesso de operários ao sítio principal do canteiro de obras da hidrelétrica de Belo Monte, uma das principais obras do governo federal.

Os manifestantes querem que sejam agilizados, por parte da empresa Norte Energia, responsável pelo consórcio construtor da obra, os cumprimentos das condicionantes do projeto básico ambiental, no qual a empresa diz já ter investido mais de R$ 150 milhões.

O clima está tenso no local. Manifestantes se apoderaram de três ônibus que transportam funcionários da obra e usaram para bloquear a rodovia. Na sexta-feira passada, um dos veículos foi incendiado, crime pelo qual ninguém foi preso.

Nesta segunda-feira (26), um grupo de índios tentou invadir o canteiro de obras e relatou ao MPF (Ministério Público Federal) que foi recebido à balas de borracha e bombas por tropas da Força Nacional de Segurança. Na ação, quatro manifestantes ficaram feridos.

O MPF informou que o comandante da Força Nacional em Altamira será ouvido e que "já havia recebido relatos de trabalhadores e tinha um procedimento para investigar a legitimidade da ação da Força Nacional em defesa do patrimônio da Norte Energia".

"Com as agressões desta segunda-feira, a investigação do MPF passou a ser criminal", comunicou o órgão. A Folha não conseguiu contato com a Força Nacional para comentar o caso.

OUTRO LADO

Também nesta segunda-feira, a Norte Energia informou que foi entregue a resposta às reivindicações apresentadas ao governo federal por indígenas.

"A Norte Energia destaca que nenhuma área indígena será inundada pelas águas do reservatório da [hidrelétrica de] Belo Monte. As obras citadas se destinam à melhoria da qualidade de vida dos moradores das aldeias existentes, que permanecerão nos seus lugares atuais", comunicou.

Segundo a empresa, os únicos índios que serão remanejados para novos bairros em Altamira são os que já moram atualmente na cidade, juntamente com outros povos ribeirinhos e pescadores.

A Norte Energia informou também que assinou dia 21 deste mês um termo de compromisso com a Funai (Fundação Nacional do Índio).

"As atividades previstas neste documento serão referendadas pela Funai e acompanhadas por um Comitê Gestor formado por representantes das comunidades indígenas, da Norte Energia e do órgão indigenista. O Comitê vai avaliar os planos anuais de trabalho apresentados pela empresa, que também serão submetidos às comunidades indígenas", informou a Norte Energia.

Os manifestantes responderam, de acordo com a empresa, que o termo de compromisso "não valia nada".


Endereço da página: