Folha de S. Paulo


Taxa de desemprego em regiões metropolitanas é a menor para abril desde 2002

Após atingir o menor patamar em março (5%) para tal mês, a taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país manteve a tendência de queda e ficou em 4,9% em abril.

Essa é a menor taxa para o mês de abril desde o início da pesquisa, em 2002. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (22). Analistas previam uma taxa de 5% a 5,3%.

Em abril de 2013, a taxa havia sido de 5,8%.

O total de pessoas empregadas em abril ficou praticamente estável (0,1% positivo) em relação ao mesmo mês de 2013, totalizando 22,9 milhões de pessoas. Em relação a março de 2014, houve também estabilidade do ponto de vista estatístico de 0,1% positivo.

Já o contingente de desempregados somou 1,2 milhão, com redução de 3,3% frente a março. Houve, por sua vez, retração de 17% ante abril de 2013, segundo o IBGE.

Segundo analistas, a taxa de desemprego está menor do que nos primeiros meses de 2013 por causa da menor procura por trabalho e da ausência de dispensa de trabalhadores, fato comum para o período. Sazonalmente, há redução de vagas no início do ano.

O fato do Carnaval ter caído em março neste adiou o processo de dispensa de trabalhadores temporários em algumas regiões, como o Rio de Janeiro. A Copa do Mundo também teve seu impacto especialmente na construção civil para finalização de arenas e obras no entorno e no ramo de turismo e hotelaria, que já começou a contratar temporários em abril.

Editoria de Arte/Folhapress

O baixo nível do desemprego contrasta com um cenário de juros maiores, consumo em desaceleração, crédito escasso e menor confiança de empresários.

Um das hipóteses apontadas por analistas é a redução da procura por trabalho. É que uma parcela da população formada especialmente por jovens e mulheres deixou de procurar trabalho em busca de oportunidades melhores ou para estudar. A situação se deu graças ao ganho de renda das famílias nos últimos anos.

A força de trabalho (empregados e desempregados em busca de uma vaga) tem crescido a taxas historicamente baixas, o que sinaliza a menor procura por emprego num momento em um momento em que há uma desaceleração da oferta de vagas nos últimos meses. Ou seja, toda a procura é coberta, mesmo com a freada do emprego.

"Não há muita pressão sobre mercado de trabalho e o motivo é a menor procura por emprego [sinalizada pela queda do número de desempregados]. Não há também um "boom" da ocupação [total de empregados], que está estável neste ano, ao contrário de outros momentos da pesquisa quando crescia. Mas como a procura é baixa o número de empregos criados é suficiente para absorver [quem está em busca de um emprego]", disse a técnica do IBGE da coordenação de Trabalho e Emprego, Adriana Beringuy.

A PEA (População Economicamente Ativa), indicador que mede a força de trabalho, mostra tendência de estabilidade (alta de só 0,1%) de março para abril. Já em relação com março de 2013, a queda de 0,8% nem sequer compensa o crescimento vegetativo das pessoas com idade para trabalhar –alta de 1,2%.

RENDA

De março para abril, a renda média do trabalhador caiu 0,6%, estimada em R$ 2028,00. Já em relação a abril de 2013, houve alta de 2,6%.

FORMALIZAÇÃO E ATIVIDADES

O emprego com carteira assinada cresceu 2,2% em relação a abril de 2013, num ritmo inferior ao de meses anteriores, e ficou estável ante abril, já sinalizando uma desaceleração do processo de formalização do mercado de trabalho –tendência quase que contínua nos últimos anos.

Dentre as atividades pesquisadas pelo IBGE, três mostram uma tendência mais clara de perda do número de empregados: indústria (queda de 2% frente a abril de 2013), comércio (1,1%) e construção civil (-3,1%).

O melhor desempenho é da categoria de serviços prestados às empresas (auditorias, consultorias e trabalhos terceirizados, como limpeza, segurança e outros), com alta de 1,3% na comparação com abril de 2013.


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