Folha de S. Paulo


Zara vai enfrentar concorrência no país com expansão regional

A chegada de grifes de moda rápida ao Brasil, como a H&M e a Forever 21, não incomoda a Zara, uma das primeiras marcas com esse conceito a desembarcar no país.

Para enfrentar a concorrência, a estratégia da empresa é crescer em regiões onde ainda não está presente, além de trabalhar a imagem da marca, afirma o presidente da Zara no Brasil, João Braga, em entrevista à Folha.

Em 2011, o Ministério do Trabalho constatou que uma fornecedora da Zara subcontratou oficinas suspeitas de submeter imigrantes a condições degradantes de trabalho. Em abril deste ano, a empresa entrou com recurso contra a decisão anunciada pela primeira instância trabalhista. A 3ª Vara do Trabalho considerou a empresa culpada na ação. Braga, que ontem depôs na CPI do Trabalho Escravo da Assembleia Legislativa de São Paulo, também falou ou sobre o caso.

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Folha - H&M, GAP e Forever 21 estão abrindo lojas no Brasil. Como a Zara vai enfrentar as novas concorrentes?
João Braga - Temos essas concorrentes e muito mais em todo o mundo. O que temos feito é apostar em outras regiões e cidades. Marcar presença onde ainda não estávamos, além de trabalhar o conceito, a imagem da marca. São 15 anos desde a abertura da primeira loja no Brasil. Também estamos reformulando lojas e layouts mais antigos. E, como o mercado brasileiro é muito grande, também tentamos nos adaptar aos contrastes de climas do Sul, do Nordeste, do interior, e de gostos tão díspares.

A companhia planeja se expandir para que áreas?
Recentemente investimos R$ 44 milhões em um centro logístico. Além de concentrar expansão em regiões como São Paulo, também abrimos lojas onde não estávamos.

Como a empresa dribla os entraves logísticos, o custo do trabalho no Brasil?
O grupo Inditex é o maior varejista do mundo e está em 87 países. Cada um tem as suas peculiaridades. O que é importante para uma empresa global como a nossa é se adaptar ao mercado e a cada país. Em 2013, abrimos três lojas em regiões diferentes, como Manaus (AM), Natal (RN) e Campo Grande (MS). São mais distantes e envolvem outros tipos de logística. No Amazonas, foi preciso usar também a via aérea. São adaptações normais.

A Zara entrou com um processo na Justiça alegando que a lista suja (do trabalho escravo)é inconstitucional. Por quê?
Seria uma medida injusta a potencial inclusão da Zara nessa lista suja. Nunca entramos e seria uma medida injusta entrarmos por causa de toda a conduta que a Zara tem tido após um dos nossos fornecedores ter violado o nosso código de conduta, há três anos. Estamos exercendo nosso direito de defesa assegurado pelo Estado de Direito e pela legislação brasileira.

Houve uma violação clara ao nosso código de conduta, de maneira consciente por parte de um fornecedor que autuamos de imediato [a confecção AHA, fiscalizada em 2011]. Mas propusemos ações muito concretas e realistas para descartar situações como essas no futuro.

Não só no nosso programa de reforço na forma que atua nossa cadeia, mas também a capacitação e com medidas de apoio social a imigrantes. Foram R$ 14 milhões investidos desde 2011.

O sr. acredita que faltam regras mais claras no Brasil para contratação de serviços ou terceirização da produção?
Não nos cabe entrar na questão desse conceito ou na questão de responsabilidade jurídica. O mais importante é ter um programa de compromisso para verificar e auditar toda a nossa cadeia, seja desde o fluxo direto até a nossa oficina de costura.

Como é essa cadeia?
Atualmente são 32 fornecedores, com 200 empresas contratadas por eles. O mais importante para nós é garantirmos que todas elas estejam agindo dentro da mesma linha. Não cabe a nós entrar na questão de terceirização. Nós não terceirizamos. Quem terceiriza é ó nosso fornecedor. Somos varejistas, compramos produto acabado dos fornecedores que nos apresentam ou dão um preço da peça ao valor de mercado.

INDITEX / 2013
FATURAMENTO: € 16,7 Bilhões
EBITDA: € 3,9 Bilhões
DÍVIDA SOBRE CAPITAL: -44%
FUNCIONÁRIOS: 125 mil


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