Folha de S. Paulo


Suíça rejeita nas urnas salário mínimo de R$ 10 mil, diz TV

Em referendo neste domingo (18), mais de três em cada quatro eleitores suíços, ou 77%, votaram contra uma lei que fixa o salário mínimo do país em 4 mil francos, ou R$ 10 mil. A projeção é da televisão pública suíça.

Se aprovado, teria sido o maior salário mínimo do mundo.

Atualmente, os menores salários do país giram entre o equivalente a R$ 5.500, para trabalhadores sem qualificação, e R$ 7.000, para trabalhadores qualificados. Metade da população ganha mais de R$ 81 por hora.

Hoje, o maior salário mínimo fixo do mundo é o de Luxemburgo, equivalente R$ 23 por hora (cerca de R$ 4.000 mensais), segundo dados da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

O projeto de lei suíço foi criado por sindicatos, visando contrabalancear o crescimento da desigualdade salarial em um dos países mais caros do mundo. Teve o apoio do Partido Socialista e do Partido Verde.

Na Suíça, uma refeição num restaurante simples pode sair pelo equivalente a R$ 50 e uma garrafa pequena de água mineral custa em média R$ 8.

Os opositores da lei argumentavam que a fixação de um piso poderia causar aumento do desemprego no país.

Hoje, a Suíça não tem um salário mínimo fixo, mas apenas 9% dos trabalhadores ganham menos do que o salário mínimo proposto.

Fabrice Coffrini/AFP
Homem vota em Bulle, na Suíça, no referendo sobre o salário mínimo e a compra de caças
Homem vota em Bulle, na Suíça, no referendo sobre o salário mínimo e a compra de caças

CAÇAS

Outro tema derrubado no referendo foi a compra de 22 caças Gripen, de fabricação sueca, aprovada em setembro pelo Parlamento. O custo total da compra será de 2,5 bilhões de euros, ou equivalente a 7,5 bilhões de reais (R$ 340 milhões por caça).

O grupo que propôs o referendo argumentou que o gasto é desnecessário porque o equipamento atual do Exército é suficiente para vigiar as fronteiras. A Suíça é um país neutro, que não participa de guerras.

Trata-se do mesmo fornecedor dos 36 caças comprados pelo Brasil em dezembro por R$ 10,5 bilhões (R$ 292 milhões por caça).

No mesmo referendo, o eleitorado suíço decidiu proibir para o resto da vida que pedófilos trabalhem com crianças e emendou a Constituição para garantir que haja mais médicos da família em áreas rurais.


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