Folha de S. Paulo


Produção de veículos no Brasil acumula queda de 12% no ano

O crescimento de 1,6% na produção da indústria automotiva em abril sobre março não foi suficiente para reverter o fraco desempenho do setor no ano.

Nos quatro primeiros meses do ano, a indústria acumula produção de 1,07 milhão de veículos, com queda de 12% sobre o mesmo período em 2013, ampliando a retração registrada no primeiro trimestre (8,4%), de acordo com dados da Anfavea (associação dos fabricantes).

A produção de abril, apesar da alta sobre março, ficou 21,4% abaixo do resultado do mesmo mês de 2013.

No acumulado do ano, as vendas apresentaram queda de 5%. No mês, as vendas subiram 21,8% em relação a março, mas na comparação com abril do ano passado caíram 12,1%.

As vendas apenas de carros de passeio e comerciais leves (nacionais e importados) tiveram queda de 4,5% no primeiro quadrimestre de 2014 em comparação aos mesmo período de 2013.

No segmento de caminhões, a queda ficou em 14,4%.

Até março, o estoque acumulado era de 387,1 mil veículos, equivalente a 48 dias de vendas. Agora, o nível baixou para 40 dias.

Em um ano em que novas fábricas de automóveis começam a operar no Brasil, a retração nos emplacamentos e nas exportações faz as montadoras já instaladas preocuparem-se com a perda de participação no mercado nacional.

EXPORTAÇÕES

Já as exportações caíram 31,9% nos quatro primeiros meses deste ano, devido principalmente à crise na Argentina.

De acordo com Luiz Moan, presidente da Anfavea, o início do diálogo com o governo e a indústria da Argentina colaborou para a melhora das exportações em abril na comparação com março, período que registrou alta de 55,7%.

Contudo, os 36.735 veículos exportados no último mês estão bem abaixo dos 52.771 comercializados para o exterior no mesmo período de 2013.

A Renault, por exemplo, exportou 69 mil veículos para o pais vizinho no ano passado. Isso equivaleu a cerca de 45 dias de produção da montadora.

EMPREGO

O desempenho ruim já motivou recuo no nível de emprego no setor, que cortou 1,1% das vagas em abril sobre o mesmo mês do ano passado, para 154,2 mil postos de trabalho, segundo os dados da entidade.

Muitas montadoras de veículos do país adotaram nas últimas semanas estratégias para corte de produção, diante de acúmulo de estoques em concessionárias e pátios. As medidas incluíram programas de demissão voluntária e redução nas horas trabalhadas.

A Volkswagen implementa, neste mês, um programa de "lay-off" (suspensão temporária de contrato de trabalho) nas fábricas de São Bernardo do Campo (Grande São Paulo) e São José dos Pinhais (PR).

Em Porto Real (RJ), 650 dos 3.000 trabalhadores do grupo PSA Peugeot Citroën entraram em "lay-off" em fevereiro.

GM, Fiat e Mercedes deram férias coletivas em algumas de suas unidades.

A Volvo anunciou que irá reduzir sua produção de caminhões no Brasil.

A Ford informou quer seu lucro líquido caiu 38,6% no primeiro trimestre, a US$ 989 milhões. A valorização do dólar, os gastos com reestruturação na Europa e com recalls preventivos pesaram sobre o resultado.

Com Reuters


Endereço da página:

Links no texto: