Folha de S. Paulo


São Paulo deixa de ter grandes supermercados funcionando 24h

São Paulo não tem mais supermercados de grandes redes abertos 24 horas. Desde o dia 28 de abril, as unidades do Extra e do Pão de Açúcar que funcionavam durante a madrugada passaram a abrir as portas das 7h às 23h –o intervalo pode variar de acordo com a região.

As lojas do Walmart e do Carrefour na cidade já não funcionavam 24 horas.

No Brasil, o Grupo Pão de Açúcar, também dono do Extra, tinha 55 supermercados que faziam o horário mais amplo, de um total de 520 lojas. Além de São Paulo, as unidades ficavam em cidades como Brasília, Campo Grande (MS) e Fortaleza (CE).

Editoria de Arte/Folhapress

Em nota, o grupo disse que a decisão "foi baseada em estudos de comportamento dos consumidores que apontaram baixa adesão às compras [na faixa de horário]".

A empresa também informou que os funcionários do turno da madrugada não foram demitidos, apenas remanejados de acordo com a escala de funcionamento de cada unidade.

Para o professor da área de varejo da FIA (Fundação Instituto de Administração), João Carlos Lazzarini, a decisão do Grupo Pão de Açúcar é "perfeitamente normal e madura".

Lazzarini diz que, quando os horários de funcionamento foram expandidos, há cerca de seis anos, o consumo crescia em ritmo acelerado e a estabilidade econômica do país contagiava a classe média.

"Em vez de exceção, as unidades 24 horas se tornaram regra. Isso deixou de ser sustentável quando o consumo começou a arrefecer. O varejo passou a ter uma avaliação mais pé no chão."

Segundo o professor, hoje as pessoas estabelecem uma hierarquia entre os produtos, priorizando comprar o que consideram ser de primeira necessidade.

Nesse cenário, o consumidor se planeja mais ao ir às compras, faz uma lista, escolhe um dia da semana e não recorre a visitas inesperadas ao supermercado durante a madrugada. "O horário fica restrito àquelas pessoas que trabalham até tarde e realmente não tem tempo", diz.

De acordo com a assessoria de imprensa do Grupo Pão de Açúcar, o estudo feito pela empresa antes da mudança mostrou que esses clientes não devem ser muito prejudicados, já que o horário até a meia-noite supriria boa parte da demanda.

FUNCIONÁRIOS

Para Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da consultoria especializada em varejo GS&MD -Gouvêa de Souza, outros motivos que influenciaram a mudança foi a dificuldade de encontrar e manter funcionários que trabalhassem no horário.

"O Brasil tem quase pleno emprego, o que tornou mais difícil manter esses funcionários, porque há outras opções no próprio varejo."

Para Souza, a segurança dos colaboradores que trabalham nesse turno também seria um fator importante.

As duas razões, explica ele, seriam preocupações a mais com um período que não dava grande retorno financeiro.

Adriano Vizoni - 5.jan.2012/Folhapress
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