Folha de S. Paulo


Captação da Oi resolve problema de BNDES e sócios privados

A Oi recebeu ontem R$ 13,2 bilhões em uma das maiores captações do país. O negócio, parte da fusão com a Portugal Telecom, foi bom para a Oi, que ganhou novo fôlego para competir no acirrado jogo da telefonia, mas foi melhor para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e para os antigos controladores -a AG Telecom e a La Fonte.

Juntos, AG Telecom e a La Fonte tinham uma dívida de R$ 4,5 bilhões com o banco estatal. Na fusão, essa dívida será paga com parte dos ativos da Portugal Telecom.

Acionistas minoritários dizem que dificilmente essa dívida dos controladores com o BNDES seria paga caso a fusão com a operadora portuguesa não ocorresse dessa forma. Também por isso, viram na operação um prêmio pago aos controladores e reclamaram para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Mas foram vencidos.

A Oi tem um endividamento elevado, cerca de R$ 30 bilhões, e suas ações vêm sofrendo queda desde 2008, quando a companhia brasileira comprou o controle da Brasil Telecom para que fosse criada a "supertele nacional".

Desde então a companhia enfrenta dificuldades de financiamento para fazer investimentos e continuar competitiva em um mercado disputado pelas rivais Vivo, TIM e Claro.

PRÓXIMOS PASSOS
A captação (troca de papéis da antiga Oi pelos da nova companhia, a Oi S.A.) é o último passo antes da fusão com a Portugal Telecom.

Com o dinheiro novo, a Oi poderá reduzir seu endividamento e recuperar sua capacidade de investimento.

Com o resultado da captação, já é possível ter uma ideia de quem serão os maiores acionistas da nova empresa. Os atuais sócios da Portugal Telecom terão 38,25% do capital. Andrade Gutierrez e La Fonte ficam como minoritários, com 1,78% cada um (essa participação era de 4,77% para cada um).

Os fundos de pensão de estatais (Previ, Funcef e Petros) reduziram a participação ao colocar somente R$ 160 milhões. A Previ (dos funcionários do Banco do Brasil) entrou com R$ 100 milhões, a Petros (Petrobras), com R$ 50 milhões, e a Funcef (Caixa), com R$ 10 milhões.

A Folha apurou que, desde fevereiro, as fundações estatais vinham sendo pressionadas pelo BNDES para investir pelo menos R$ 600 milhões. Mas elas resistiram. Queriam sair do negócio, mesma intenção da AG Telecom e da La Fonte.

Agora, a Previ passou de 4,81% para 1,64%; a Funcef caiu de 1,29% para 0,34%, e a Petros, de 1,29% para 0,58%. Essa diluição ocorreu porque a nova empresa, após a captação, ficou uma vez e meia maior do que a Oi de antes da oferta.

Somente o BNDES aumentou sua posição ao investir cerca de R$ 700 milhões. Assim, saltou de 3,52% de participação no capital total para 5,21%.

Após a fusão, a nova empresa só terá ações com voto da CorpCo, empresa que controlará a Oi e a Portugal Telecom. Para isso, ainda haverá a troca de papéis da Oi SA pelos da CorpCo.


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