Folha de S. Paulo


Economia da China desacelera pelo segundo trimestre consecutivo

A economia chinesa, a segunda maior do mundo, se desacelerou pelo segundo trimestre consecutivo, com crescimento de 7,4% no período de janeiro a março na comparação com os mesmos meses do ano passado.

O resultado foi um pouco superior ao estimado por analistas, que na média previam um avanço do PIB de 7,3% -alguns especialistas acreditavam em uma alta menor que 7%, algo que não ocorre desde o início da crise global do fim de 2008.

No quarto trimestre do ano passado, houve avanço de 7,7%.

O resultado seria excelente para a maioria dos países, mas é distante do ritmo registrado pela economia chinesa até 2010, quando avanço superior a 10% era frequente.

O PIB chinês cresceu 1,5% no primeiro trimestre deste ano ante os últimos três meses do ano passado, quando houve avanço de 1,8%.

Alguns motores do gigante asiático já não mostram mais a robustez de outrora. Ontem foi divulgado que a produção industrial cresceu 8,8% em março na comparação com o mesmo mês do ano passado, o menor avanço desde 2009.

Reuters
Trabalhadores em fábrica da Peugeot Citroën em Wuhan, na China
Trabalhadores em fábrica da Peugeot Citroën em Wuhan, na China

O comércio externo também não tem os mesmos resultados de anos anteriores. Em março, as exportações caíram 6,6% em março. Já as importações recuaram 11,3% -o maior declínio na China em mais de um ano.

O declínio na compra de produtos no mercado externo foi visto por analistas como confirmação da fraqueza na produção e na demanda dos consumidores.

Na semana passada, o premiê chinês, Li Keqiang, deu o sinal mais forte de que pela primeira vez em mais de uma década o crescimento da segunda maior economia do mundo pode ficar abaixo da meta oficial do governo.

Segundo ele, o avanço do PIB pode ficar um pouco acima ou abaixo da meta de 7,5%. A última vez que a China não atingiu o objetivo governamental foi em 1998 -geralmente o número é superado com folga.

BRASIL

Uma desaceleração da China tem impacto no mundo todo, especialmente para os países produtores de commodities (matérias-primas), que é o caso do Brasil.

No ano passado, os chineses compraram 19% de tudo o que o Brasil vendeu para o exterior, quase o dobro dos EUA, o segundo colocado.

Entre os 10 produtos mais vendidos pelo Brasil para o mercado externo no ano passado, 3 tiveram a China como seu principal destino: soja, petróleo e açúcar.

No mundo, o gigante asiático só compra menos produtos que os EUA.


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