Folha de S. Paulo


Renovação na Telecom Itália dará mais tempo para ofertas pela TIM

Uma reformulação no Conselho de Administração da Telecom Itália deve permitir que o presidente-executivo da companhia, Marco Patuano, foque na renovação de operações domésticas do grupo e dará à espanhola Telefônica mais tempo para negociar uma possível oferta conjunta com outras operadoras brasileiras envolvendo a TIM.

As afirmações foram feitas por fontes próximas da situação, tendo em vista a assembleia da Telecom Itália marcada para 16 de abril.

A Telecom Itália precisa investir pesado para atualizar sua rede na Itália e capturar uma demanda crescente por banda larga ao mesmo tempo em que busca reduzir dívida líquida de quase três vezes o lucro e enfrenta rivais como a Vodafone, que tem muito dinheiro em caixa.

Patuano possui cerca de € 2 bilhões em vendas de ativos planejadas da Telecom Itália que podem sustentar seus planos de investimento.

Apesar da reforma no Conselho, ele enfrentará desafios em representar os interesses de todos os acionistas quando lidar com a unidade brasileira da Telecom Itália, a TIM, que compete diretamente com a Telefônica.

Patuano já afirmou anteriormente que a TIM Brasil, que tem um valor de mercado de mais de US$ 12 bilhões, não está no bloco de ativos à venda. Mas ele consideraria uma venda caso recebesse uma oferta "jumbo".

Uma fonte familiarizada com o assunto disse que Patuano vai comprar tempo sobre as operações no Brasil, permitindo assim que a Telefônica avance com sua estratégia de tentar se unir com ao grupo Oi e à mexicana América Móvil para fazer uma possível oferta conjunta pela TIM Brasil mais para o fim do ano.

Os novos proprietários da TIM Brasil iriam então dividir a operadora, reduzindo preocupações sobre concorrência junto a autoridades brasileiras.

Mas se os planos da Telefônica no Brasil fracassarem, ela pode ter de considerar vender sua fatia na Telecom Itália para satisfazer o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

"Em algum ponto, nos próximos seis a 12 meses, a Telefônica terá de decidir: ou será uma parceira total ou desistirá e dará adeus", disse um investidor da Telecom Itália, que pediu para não ser identificado.

A Telefônica é a maior investidora da Telecom Itália, com uma fatia indireta de quase 15%, e tem a opção de aumentar sua participação. O grupo gostaria de dividir os ativos da TIM Brasil com outras operadoras no Brasil, disseram fontes próximas à Telefônica.

Mas Marco Fossati, investidor dissidente do grupo italiano, disse que a Telecom Itália deve manter a TIM Brasil e buscar uma parceria com a operadora brasileira de banda larga GVT, unidade da francesa Vivendi.

TELEFONIA MÓVEL

O envolvimento da Telefônica na Telecom Itália a deixou com um dilema no Brasil, pois a companhia espanhola controla a maior empresa de telefonia móvel do país, a Vivo.

A participação indireta da Telefônica na TIM Brasil por meio da Telecom Itália deixou o grupo espanhol na mira do Cade, que ordenou que a companhia reduza sua escala até meados de 2015, segundo fontes com conhecimento do assunto.

Desde sua nomeação em outubro, Patuano, que tem o apoio da Telefônica e de três outros acionistas principais da Telecom Itália, tem enfrentado uma revolta de investidores liderados por Fossati, que estão insatisfeitos com a influência da companhia espanhola sobre o grupo italiano.

Reagindo ao desafio, os principais acionistas da Telecom Itália concordaram, em março, em indicar uma maioria de diretores independentes em uma renovação do Conselho prevista para 16 de abril.

Giuseppe Recchi, possível presidente do futuro Conselho mais independente, disse à Reuters no final de março que não vai interferir na estratégia de Patuano de vender ativos para financiar atualizações muito necessárias na rede da Telecom Itália e reduzir a dívida do grupo.


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