Folha de S. Paulo


Banco BTG já retira lucro como sócio da Petrobras na África

O banco de investimentos BTG Pactual mal pisou na África e já começou a lucrar na sociedade feita com a Petrobras em junho do ano passado –quando comprou 50% das operações da Petrobras Oil & Gas no continente, por US$ 1,5 bilhão.

No mês passado, a operação africana pagou dividendos pela primeira vez em sua história. Foram US$ 300 milhões, segundo apurou a Folha, US$ 150 milhões para cada sócio.

Para o BTG, que acaba de entrar no negócio, significou um retorno de 10% sobre o investimento, em dólares, em menos de oito meses. Há vários anos na África, a Petrobras não tinha recebido dividendos da empresa antes.

Procurados, o BTG e a Petrobras preferiram não se manifestar sobre o assunto.

A empresa, que deverá receber o nome fantasia PetroÁfrica, atua na produção e exploração de petróleo e gás.Tem dois poços já produzindo e outro em desenvolvimento na Nigéria, e procura petróleo em Angola, Benin, Gabão, Namíbia e Tanzânia.

Embora tenha dado prejuízo de US$ 280 milhões no ano passado, o dinheiro pago aos acionistas no mês passado é parte dos lucros acumulados em anos anteriores.

Editoria de arte/Folhapress

NOVA ESTRATÉGIA

A Folha apurou que a remuneração dos sócios pode aumentar daqui para frente. Tipo de empresa que precisa de investimento intensivo, a PetroÁfrica tem um nível de endividamento considerado baixo pelos sócios.

A ideia é captar empréstimos baratos para fazer investimentos e passar a liberar os recursos em caixa gradualmente para os acionistas.

Na divisão de tarefas, a estatal cuida das atividades operacionais e o BTG, de André Esteves, ficou com a área financeira. Segundo um profissional que participou da negociação, o banco não tem remuneração mínima garantida por contrato, como se especulou no mercado.

As operações africanas fazem parte do pacote de campos de petróleo, direitos de exploração, refinarias e outros ativos que a Petrobras colocou à venda para levantar recursos destinados a investimentos no pré-sal.

Nesse conjunto estão as refinarias de San Lorenzo, vendida na Argentina, e a de Pasadena, nos Estados Unidos, que ninguém quis comprar. Ambas são investigadas por suspeitas de irregularidades.


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