Folha de S. Paulo


Governo vai repaginar o Tesouro Direto

O programa de investimentos em títulos públicos para pessoas físicas, o Tesouro Direto, será repaginado neste ano. Mudança no nome dos títulos, no público-alvo e novos produtos são algumas das propostas em estudo.

Devem ser criados ainda novas ferramentas para facilitar a escolha da aplicação e mais canais de venda.

Desde o lançamento, em 2002, já houve pequenas mudanças no programa, mas nenhuma foi capaz de elevar o número de investidores de modo significativo.

Editoria de Arte/
Governo vai repaginar o Tesouro Direto.
Governo vai repaginar o Tesouro Direto.

A partir de estudo do Tesouro, chegou-se à conclusão de que até os investidores mais experientes têm dificuldade de entender a diferença entre as opções de aplicação, uma verdadeira sopa de letrinhas.

"Você gostaria de comprar uma NTN-B Principal 2035 ou um Tesouro Mais Inflação? Um Tesouro Fixo ou uma NTN-F 2025? O que soa mais palatável?", diz o gerente de Relacionamento Institucional do Tesouro, André Proite. Segundo ele, esses são exemplos de "nomes fantasia" para os papéis já negociados.

As opções de investimento também são reavaliadas. Títulos que pagam juros semestrais podem sair do cardápio. Com isso, haverá apenas um tipo de prefixado (LTN) e uma opção corrigida pela inflação (NTN-B Principal), justamente os mais vendidos.

Devem entrar na lista de novos produtos os ETFs de renda fixa, que serão regulamentados neste ano.

São cotas de fundos que acompanham algum índice do mercado. Hoje, já são negociados na Bolsa ETFs de renda variável, entre eles o PIBB, que acompanha as 50 ações mais negociadas.

Mesmo com as mudanças, que devem estar mais definidas a partir de junho, o governo diz que não alcançou e não tem como alcançar o grande público neste momento.

Considera, entretanto, que as novidades podem ajudar a conquistar o investidor acostumado com produtos mais complexos, mas que ainda assim tem dificuldade em comprar títulos públicos.

No início do ano, havia menos de 150 mil pessoas com aplicações no Tesouro Direto. O número é inferior, por exemplo, ao de pessoas físicas cadastradas no mercado de ações, 583 mil em fevereiro.

Por isso, a proposta é abandonar a ideia de popularização e centrar esforços para atrair investidores mais qualificados. "Esse é o público que o Tesouro Direto busca", diz Proite. "Não adianta gastar ficha [no público em geral]. Não é muito factível. Temos de focar esse nicho que já compra produtos como ações e letras de crédito."

Outro problema identificado é que o Tesouro Direto não tem força de venda. Ele é oferecido por todos os grandes bancos, além de corretoras. Há, entretanto, pouco esforço para colocá-lo na prateleira, pois o lucro para as instituições é menor do que na oferta de fundos e CDBs.

Por isso, não está descartada mudança nos canais de distribuição.


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