Folha de S. Paulo


Disney tenta comprar Maker Studios, de vídeos online, por US$ 500 milhões

A Disney está próxima de um acordo para adquirir o Maker Studio, em uma transação avaliada em US$ 500 milhões e cujo valor poderia subir a até US$ 900 milhões caso certas condições financeiras sejam cumpridas, de acordo com pessoas informadas sobre a situação.

A transação fará da Disney uma presença forte no mercado de vídeo online, que está em forte expansão. O Maker promove, produz e distribui vídeos dirigidos à "geração milênio" - os jovens nascidos entre 1982 e 2002 - e atrai 5,5 bilhões de visitas ao mês.

As negociações da Disney com o Maker surgem em um momento de complicações na divisão televisiva da companhia.

Anne Sweeney, co-presidente do conselho da Disney Media Networks - subsidiária que inclui a rede de TV ABC e a rede de esportes ESPN - está deixando o posto depois de 18 anos na companhia.

Sweeney, uma das mulheres mais poderosas de Hollywood, está saindo para seguir carreira como diretora de TV. Ela diz que a virada em sua carreira era "um sonho que demorei muito a realizar".

O Maker, que opera uma rede de 60 mil "canais" online, já atraiu investidores externos, entre os quais a Time Warner, Elisabeth Murdoch e o Canal Plus. Sua mais recente rodada de capitalização avaliou a empresa em cerca de US$ 300 milhões, na metade do ano passado.

A Disney e o Maker se recusaram a comentar. As negociações foram reportadas inicialmente pelo site Re/code.

A transação pode ser anunciada dentro de duas semanas, de acordo com pessoas conhecedoras da situação, e surge no momento em que outras grandes empresas de mídia estão reforçando sua ação no vídeo online.

CENTURY FOX

A 21st Century Fox, de Rupert Murdoch, investiu US$ 70 milhões na Vice Media no ano passado, em uma transação na qual o grupo anarquista de conteúdo e vídeo foi avaliado em US$ 1,4 bilhões, enquanto a Awesomeness TV, rede ao modo YouTube dirigida a espectadores mais jovens, foi vendida à DreamWorks Animation por cerca de US$ 100 milhões.

O Maker atrai mais visitantes do que os dois sites mencionados acima e daria à Disney acesso a consumidores mais jovens, que abandonaram a televisão tradicional. O Maker não revela dados de desempenho financeiro, mas vem fazendo sucesso junto aos patrocinadores e esta semana fechou um contrato de "entretenimento de marca" com a Pepsi.

A Pepsi queria "conexão com os nossos consumidores no lugar ao qual eles dedicam o seu tempo", disse Ken Strnad, diretor sênior de marcas, entretenimento e conteúdo da PepsiCo.

A Disney assumiu a liderança nos vídeos online, diante dos rivais de Hollywood. A companhia foi o primeiro estúdio a oferecer seus programas de TV na loja iTunes, e também a primeira a exibi-los online em modo stream depois de sua exibição na TV aberta pela rede ABC.

Também foi uma das primeiras companhias a investir no site de vídeo online Hulu, em companhia da Comcast e da 21st century Fox.

O Maker não seria a primeira aquisição da Disney no setor online, mas seria a maior até o momento. A companhia havia fechado acordo inicial para comprar o Club Penguin por US$ 700 milhões, seis anos atrás, mas o site terminou custando menos de metade desse valor para a Disney, porque o Club Penguin não conseguiu atingir algumas das metas associadas à transação.

O Maker se uniria à carteira de marcas da Disney, que já inclui a Marvel Entertainment, Lucasfilm, Pixar e ESPN.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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