Folha de S. Paulo


Inflação sobe 0,69% em fevereiro, puxada por reajuste de colégios

Sob pressão do reajuste das mensalidades escolares, o IPCA, índice oficial de inflação do país, acelerou e ficou em 0,69%em fevereiro, segundo dados divulgados pelo IBGE na manhã desta quarta-feira.

O resultado supera a taxa de 0,55% de janeiro –que havia sido a mais baixa para o mês desde 2009.

Com o resultado, o índice acumula alta de 1,24% nos dois primeiros meses do ano. Em 12 meses encerrados em fevereiro, a IPCA soma um aumento de 5,68%.

O IPCA de fevereiro ficou um pouco acima da expectativa, de uma alta em torno de 0,65%.

A inflação mais pressionada e a previsão de que não haverá alívio no curto prazo, evidenciada pelo Banco Central na última ata do Copom, deve provocar mais dois aumentos na taxa básica de juros de 0,25 ponto percentual, elevando a Selic para 11,25%, segundo a maioria das previsões de analistas.

Apesar da freada do consumo, a inflação é "contaminada" pela alta do dólar (que puxa para cima especialmente preços de alimentos), o clima desfavorável no começo deste ano e a expectativa de aumentos maiores de tarifas públicas, já que não haverá desconto na conta de energia neste ano e algumas capitais já reajustaram ônibus –a maior parte das cidades retirou os aumentos no ano passado por conta da onda de protestos.

Em fevereiro, o grupo educação foi o destaque da inflação, com alta de 5,97%, puxada pelo reajuste de 7,64% dos colégios –que sazonalmente é apurado pelo IBGE em fevereiro.

"À exceção de Fortaleza, que não apresentou aumento em virtude da diferença da data de reajuste [das mensalidades], nas demais regiões os cursos situaram-se entre os 3,45% registrados na região metropolitana de Porto Alegre e os 11,72% do Rio de Janeiro", informou o instituto.

Para Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do IBGE, a pressão do grupo educação é pontual. "O resultado está concentrado em fevereiro e sofre pouca alteração ao longo do ano", disse.

Sozinhos, os itens de educação foram responsáveis por 0,27 ponto percentual do IPCA, o que corresponde a pouco mais de um terço do índice.

O peso na inflação de fevereiro, segundo a coordenadora do IBGE, só não foi maior por conta do recuo das passagens, da moderação do preço dos alimentos e da deflação de vestuário e da queda das passagens aéreas.

Editoria de Arte/Folhapress

RESIDÊNCIA E ALIMENTAÇÃO

Também tiveram altas expressivas e mais intensas do que em janeiro os grupos de artigos de residência (1,07%) –puxado pelo dólar, pois a categoria inclui muitos produtos importados, e pelo fim do IPI reduzido para móveis e eletrodomésticos– e habitação (0,77%), sob impacto de aumentos maiores de aluguéis, condomínio e energia elétrica no Rio e em Vitória.

Já os alimentos ajudaram a segurar a inflação, com uma alta menor em fevereiro –de 0,56%, em decorrência da queda de importantes itens como batata (-9%), feijão (-4,45%) e leite (-3,65%).

Outros produtos, porém, se mantiveram com preços em alta, como tomate (10,70%) e hortaliças e verduras (11,60%), por conta do clima desfavorável. A alimentação fora de casa também passou a custar mais caro e subiu 1,21% em fevereiro.

Os grupos de vestuário e transportes tiveram deflação em fevereiro –caíram 0,40% e 0,05%, respectivamente.

O primeiro sofreu a influência da liquidação de verão. Já os transportes perderam fôlego diante da queda de 20,55% em fevereiro, mais do que compensando o reajuste de 1,29% do ônibus urbano, que subiu na esteira da correção do Rio de Janeiro.


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