Folha de S. Paulo


Auditoria sobre denúncia de suborno será feita em um mês, diz Graça Foster

A presidente da Petrobras, Graça Foster, que a empresa concluirá em até 30 dias a auditoria interna que está investigando as denúncias de pagamento de propina a funcionários da petroleira pela fornecedora holandesa SBM, de quem aluga sete plataformas e tem outras duas encomendadas.

Foi a primeira vez que a executiva comentou o caso, e pela primeira vez a empresa usou a expressão "auditoria interna". Ela comentou o caso nesta terça-feira (18), após anúncio de nova parceria para fornecimento de combustíveis à Williams, a partir de 2015, retomando uma parceria anterior de 11 anos interrompida em 2009.

"Iniciamos na semana passada um processo de auditoria dentro da companhia. Estamos trabalhando para concluir em trinta dias e, ao longo desse período, não damos nenhuma informação sobre o assunto", disse Foster.

Perguntada sobre o encaminhamento das informações obtidas, Graça Foster disse que será necessário "trabalhar as informações obtidas para tomar posições".

A presidente da Petrobras também não comentou a respeito do consultor apontado nas denúncias como responsável pelo encaminhamento dos pagamentos feitos pela SBM à petroleira, Julio Faerman.

Rudy Trindade/Frame/Folhapress
A presidente da Petrobras, Graça Foster (centro), com gerente de abastecimento da estatal, João Carlos Cosenza, e a chefe-adjunta da equipe Williams de F-1, Claire Williams
Graça Foster entre o gerente de abastecimento da estatal, João Cosenza, e Claire Williams, da Williams

Na semana passada, a SBM confirmou à Folha ter fornecido "voluntariamente" informações sobre um esquema de "práticas comerciais impróprias" detectado internamente, envolvendo pagamentos realizados "em dois países da África e um país fora da África".

A SBM não citou Brasil nem Petrobras, mas reconheceu que um ex-funcionário havia tentado obter 3 milhões de euros para não fazer revelações de documentos sobre a fraude e que, depois disso, houve uma publicação no site colaborativo Wikipedia.

Esta publicação, datada de outubro de 2013 e assinado por um ex-funcionário anônimo, detalha o pagamento de propinas feitos a empresas e autoridades em sete países, com o objetivo de acelerar o fechamento de contratos, no total de US$ 275 milhões, tendo sido o maior volume de recursos, US$ 139,2 milhões, pago a funcionários da Petrobras.

O documento cita ainda Julio Faerman como o intermediário dos pagamentos.

No relato, o ex-funcionário, identificado pela revista "Veja" como Jonathan Taylor, afirma ter tido acesso a e-mails e depoimentos de altos executivos em que comentavam sobre os pagamentos, sobre acordos –um deles, segundo ele, seria para tratar da prorrogação de um contrato sem licitação– e sobre a preocupação dos executivos de "tirar o Brasil" das informações levantadas na investigação interna.

As empresas Oildrive e Faercom, do empresário Julio Faerman, negam envolvimento no caso.

EQUIPAMENTOS

Hoje, as empresas Faercom Energia e Oildrive Consultoria em Energia e Petróleo publicaram anúncio em jornais, informando que, durante 30 anos, trabalharam como representantes exclusivos da SBM no Brasil, para fornecer serviços e equipamentos à Petrobras –plataformas, monoboias, sistemas de ancoragem, estações de descarregamento de óleo, entre outros.

Informam, ainda, que prestam serviços a "algumas das maiores companhias do mercado de petróleo e gás no Brasil e no Mundo".

Segundo o anúncio, o contrato foi rompido pela SBM em 2012, uma vez que a empresa teria decidido atuar por meio de estruturas comerciais próprias.

As empresas informam, também, que seu fundador, o engenheiro Julio Faerman, 75, atua há 50 anos no segmento de petróleo e gás.

Afirmam que se "orgulham de ostentar conduta ilibada e norteada pelos mais rigorosos princípios de respeito à ética nos negócios". Ontem, Faercom e Oildrive haviam comentado que repudiavam "referências caluniosas e difamatórias dos últimos dias".


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