Folha de S. Paulo


Saldo positivo do verão recorde pode chegar a até 0,5% do PIB no 1º tri

Por um lado, itens tipicamente consumidos nesta época -como sorvete, ventilador e cerveja- têm oportunidade de faturar mais. Por outro, produtos agropecuários padecem, com queda na safra devido ao calor. Mas, no frigir dos números, o balanço deve ser bom para a economia do país.

Cálculo elaborado pela LCA Consultores mostra que o efeito desse aumento de consumo deve ser a elevação de 0,5 ponto percentual no PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre do ano.

Com uma ressalva: esse resultado depende de não haver racionamento generalizado de energia e água em 2014.

"As temperaturas do primeiro trimestre crescem em média 3% em relação às do período anterior", diz o economista-chefe da LCA, Bráulio Borges. "Neste início do ano, elas aumentaram 10%."

Editoria de Arte/Folhapress

O sorvete é, possivelmente, o produto cujo consumo seja mais turbinado nesse clima.

"A venda de sorvete aumenta muito por impulso, especialmente com essas altas temperaturas. Muitas vezes, o consumidor não planejava comprá-lo, mas, como está muito calor, acaba comprando", afirma Borges, da LCA.

Mas essas máximas seguidas, acima de 35°C em São Paulo e de 40°C no Rio, estavam fora dos prognósticos.

"Ninguém estava programado para tanto volume de demanda", diz Eduardo Weisberg, presidente da Abis, associação que reúne fabricantes de sorvete.

O mercado cresceu de 3% a 4% em média nos últimos anos, mas em janeiro a alta das vendas passou de 10%.

"Temos que dar conta da demanda agora, pois não sabemos como será o resto do ano", afirma Weisberg.

É o que está buscando a Sorvetes Kidelícia, de São Paulo: os funcionários contratados temporariamente ficarão mais tempo na empresa do que o previsto.

Em compensação, a fábrica teve faturamento 80% maior em janeiro do que no mesmo mês do ano passado -que havia sido muito fraco.

Outro setor que ganha nesta estação é o de gelo. Na Geluxo/Coopergelo, a alta das vendas esperada era de até 20%. Foi de 40% em janeiro.

"As previsões meteorológicas já vinham dando essa tendência de verões mais quentes. Mas não esperávamos para já", afirmou Vanderlei Polegato, diretor.

Questionado sobre se esse efeito no primeira trimestre pode ajudar o resto do ano, Borges, da LCA, concorda e acrescenta: "Especialmente porque viemos de um PIB mais fraco do quarto trimestre [o resultado sai em duas semanas]. Um ânimo na economia agora pode favorecer decisão de investimentos".

Em contraposição, nos EUA as previsões para o PIB deste trimestre estão sendo revisadas para baixo devido ao frio excessivo.


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