Folha de S. Paulo


'Fast fashion' atrai mais consumidores para confecções

Para fazer com que os clientes comprem mais, lojas de roupas estão trocando as coleções com uma rapidez cada vez maior. Hoje, varejistas de moda trabalham para mudar as peças nas araras todas as semanas.

Na indústria de confecção essa prática é conhecida como "fast fashion".

Antes restrita a grandes companhias, esse modelo agora também é adotado por pequenas e médias empresas.

A marca Trix lança, em média, 600 peças por estação. Durante um ciclo de verão, outono, inverno e primavera, o número aproximado de itens diferentes que passam pela loja é 2.400.
Isso em uma empresa criada há dois anos que tem 50 funcionários.

Leonardo Soares/Folhapress
Gabriela Paiva (à esq.) e Flávia Brant, sócias na Trix, criam minicoleções temáticas
Gabriela Paiva (à esq.) e Flávia Brant, sócias na Trix, criam minicoleções temáticas

As sócias Flávia Brant, 25, Gabriela Paiva, 24, criam minicoleções temáticas dentro de cada estação, como a recente que remete à cultura portuguesa, com estampas de azulejos. Cada leva de peças fica pronta em cerca de 20 dias e fatura atualmente em torno de R$ 120 mil.

"O planejamento de cada peça começa um mês antes. É preciso interagir com o cliente, saber a opinião dele. Isso permite mudarmos imediatamente a produção para o que tem mais demanda", explica Brant.

Potencial e restrições
Para o consultor do Sebrae-SP Gustavo Carrer, o "fast fashion" tem potencial por se encaixar na característica de alto consumo do brasileiro, mas lembra que alguns mercados de moda não são propícios a essa tática, como roupas voltadas para casamentos ou para pessoas idosas.

Carrer também ressalta que o processo de produção é diferente, com controle rígido de estoque e criação de peças não muito elaboradas. "Mas isso não significa excluir a qualidade. Deve-se pesquisar itens que possam ser assimilados na produção para não prejudicar prazos e custos. Por exemplo, há máquinas de bordado que criam uma aparência de um detalhe exclusivo nas roupas."

Fabio Braga/Folhapress
Vanessa Covolan, da Di Collani, com alguns dos seus vários modelos de jeans que produz
Vanessa Covolan, da Di Collani, com alguns dos seus vários modelos de jeans que produz

Viagens
A estilista e sócia da Di Collani, Vanessa Covolan, 34, já viajou dez vezes em um ano a centros importantes para a moda, como Milão e Paris e grandes cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro. Tudo para conhecer tendências de sucesso na moda e adaptar à sua produção.

A marca, especializada em jeans e com sete lojas, produz em cada estação cerca de 300 modelos por tipos de calças.

Covolan afirma que uma tendência da moda não pode ser apenas copiada, ou não terá sucesso duradouro.

"Uma calça de tecido pesado ou cós alto, por exemplo, pode ser sucesso no exterior, mas a brasileira não gosta desses itens. Você tem que entender seu consumidor e oferecer o que ele quer. Nossas coleções são planejadas seis meses antes."


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