Folha de S. Paulo


Queda de nota depende do próximo governo, dizem agências de risco

Para as três maiores agências de risco do mundo –Standard & Poor's, Moody's e Fitch–, a mudança da nota do Brasil depende das ações do próximo governo e do cenário econômico de 2014, que não pode ser pior do que o de 2013, segundo reportagem do jornal "Valor Econômico".

A presidente Dilma Rousseff vai concorrer à reeleição nas eleições de outubro.

Um eventual rebaixamento, porém, não significa necessariamente que o Brasil perderá seu grau de investimento –o país tem nota BBB, segundo degrau do patamar de países com "forte capacidade de pagamento". Se o Brasil cair a BBB- permanecerá como "grau de investimento", mas a um passo de retornar ao "grau de investimento especulativo".

STANDARD & POOR'S

A Standard & Poor's já anunciou perspectiva negativa para a dívida do país, um indicativo de que poderá reduzir a nota brasileira.

Em entrevista ao jornal "Valor Econômico", a analista líder para o Brasil da Standart & Poor's, Lisa Schineller, disse que essa perspectiva negativa mostra que a agência vê pelo menos uma chance em três de rebaixamento da nota brasileira num período de dois anos.

Segundo a analista, a decisão está condicionada a dois fatores: sinalização de políticas e sua execução; e das ações do governo que será escolhido em outubro.

MOODY'S

A Moody's, que mudou a perspectiva para a nota brasileira de positiva para estável em 2013, avalia que pode mudar esse patamar se os resultados de 2014 forem piores do que os do ano passado. Ou seja: fraco crescimento, juros e relação entre dívida pública e PIB altos e espaço limitado para políticas fiscal e monetária.

Segundo a reportagem do "Valor", o analista líder para o Brasil da agência, Mauro Leos, afirma que ganha importância a política econômica a ser implementada pelo futuro governo.

"A eleição é importante no sentido de mudanças na política a serem feitas por quem estiver no comando. Mesmo que a presidente Dilma Rousseff seja reeleita, essa questão é válida. É difícil imaginar que as coisas vão se manter do jeito que estão indo, quando se fala das tendências em termos de crescimento, inflação, contas fiscais. Porque, se forem mantidas, vão levar a uma deterioração no perfil de crédito do país", disse.

FITCH

A Fitch tem uma visão semelhante a da Moody´s.

"Em nossa perspectiva, é importante que as contas fiscais do Brasil não se deteriorem substancialmente em 2014 por causa das eleições", disse ao jornal a chefe de risco soberano da América Latina da Fitch, Shelly Shetty.

Segundo ela, a Fitch também deve examinar a estratégia do próximo governo para ampliar o crescimento do PIB e a consolidação fiscal para decidir sobre a nota do país.


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