Folha de S. Paulo


GM é condenada a pagar indenização por esvaziar funções de executivo

A GM foi condenada a pagar R$ 280 mil de indenização por danos morais a um ex-funcionário, que acusa a empresa de tê-lo hostilizado.

Segundo a juíza do caso, a empresa teria praticado "mobbing", termo norte-americano usado quando alguém é hostilizado dentro de um grupo. A sentença é de primeira instância, e a GM já recorreu.

Antônio Carlos Sampaio denunciou internamente, enquanto ainda trabalhava para a montadora, que cerca de 300 funcionários conviviam diariamente com um depósito de materiais perigosos e inflamáveis –como tintas, combustíveis e soda cáustica– sem a proteção adequada, e com risco de explosão.

Além da indenização, a empresa também terá de pagar adicional de periculosidade a Sampaio pelo tempo em que ocupou o cargo de engenheiro superintendente assistente de instalações.

Segundo ele, os trabalhadores ficaram três anos nessa situação, até que a própria GM solicitou que fossem realocados para outros prédios.

Sampaio trabalhou na empresa durante mais de 30 anos, tendo alcançado uma posição de destaque. No fim de sua carreira, porém, afirma ter sido excluído de suas funções de chefia, e isolado dentro da empresa. "As pessoas eram orientadas a não falar comigo. Havia um clima de velório, um misto de medo e constrangimento", afirma.

Kiyomori Mori, advogado que defendeu Sampaio,afirma que a GM que deve pagar a indenização, apesar de, durante o processo, dois gerentes terem sido identificados como autores das ordens que levaram ao isolamento de Sampaio. Mais tarde, segundo o advogado, a empresa pode pedir a responsabilização desses funcionários.

Outra ação da GM, afirma, foi esvaziar todas as suas funções, inclusive sua posição de chefia. "Também marcaram uma reunião com todo o grupo para avisar que eles não se reportariam mais a mim. Foi muito constrangedor", diz.

OUTRO LADO

Procurada, a GM afirmou que não se manifestará enquanto o processo não se encerrar.

Em sua defesa na justiça, a empresa alega que as mudanças de cargo ocorreram por uma reestruturação interna, e que a nova função de Sampaio não o rebaixava, mas propunha novos desafios.

Sobre os riscos em suas instalações denunciado pelo funcionário, a empresa afirmou que observa todas as normas de segurança do trabalho e que o assunto trazido por Sampaio está em discussão judicial. Segundo a nota, a empresa respeitará as decisões do judiciário.

Sobre a denúncia de assédio moral, a defesa afirma que as alegações são "subjetivas, até imaginárias", e não deveriam ser acolhidas pela justiça.


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