Folha de S. Paulo


Consórcio de chinesa e Eletrobras vence leilão de linhas de Belo Monte

O consórcio IE Belo Monte, controlado pela estatal chinesa State Grid em sociedade com Furnas e Eletronorte, venceu o leilão das linhas de transmissão de Belo Monte, realizado nesta sexta-feira (7) na BM&FBovespa.

Furnas e Eletronorte são empresas subsidiárias da Eletrobras.

O consórcio ofereceu um deságio (desconto) de 38% sobre o preço máximo estabelecido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). A empresa terá de investir R$ 5 bilhões para transmitir a energia da usina de Belo Monte para a região Sudeste.

Com esse deságio, a empresa terá uma receita anual de R$ 434,6 milhões por 30 anos, valor que deverá ser corrigido pela inflação.

O teto máximo do leilão era de R$ 701 milhões para a receita anual. State Grid ficou com 51% e Furnas e Eletronorte com 24,5% cada.

Também concorreram os consórcios BMTE (formado por Transmissora Aliança de Energia Elétrica e Alupar) e Abengoa Construções Brasil, com propostas que representaram deságios de 4,93% e 11,49%, respectivamente.

ATRASO

A linha de transmissão ficará pronta três anos depois do início previsto para a operação de Belo Monte, o que, na visão de especialistas, pode obrigá-la a produzir abaixo da capacidade até que o novo sistema comece a operar.

Foi oferecido, inicialmente, proposta para construir sozinho os 2.100 km e mais duas estações, com receita máxima anual de R$ 701,04 milhões.

Desta vez o governo deu prazo de 44 a 46 meses para entrega da obra, praticamente o dobro da média anterior, para evitar atrasos devido a licenciamentos ambientais.

O prazo, porém, oficializa a entrega da linha para o período em que Belo Monte vai gerar energia no nível máximo, em 2018. As operações começam em 2015.

O professor de sistemas elétricos da Universidade Federal de Itajubá, José Marangon, vê riscos para o abastecimento. "Em algum momento, Belo Monte vai ter que produzir menos, pois as linhas existentes não darão conta de tanta energia. E ela precisa entrar no sistema ou vai faltar luz. A linha devia ter sido licitada dois anos atrás."

APAGÃO

O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, afirmou nesta sexta-feira (7) que não é possível construir um sistema 100% à prova de raios. "A gente trabalha muito, principalmente em linhas de extra e alta tensão, para que tenhamos o menor índice de defeito", disse ele.

A linha de Belo Monte possui 800 kv (kilovolts), superior à maioria das linhas existentes no país, de 600 kv.

Ele lembra que Itaipu, que opera com 750 kv, já foi afetada por um raio, mas que o incidente serviu para que fosse desenvolvida uma tecnologia de proteção, conhecida como chapéu chinês. O sistema passou a ser adotado internacionalmente.

Na quinta-feira (6), questionado sobre a possibilidade de raios terem causado o apagão que atingiu 13 Estados na terça-feira (4), o diretor do ONS (Operador Nacional do Sistema) disse que "falar em raio é pejorativo, é assunto complexo que se banaliza. Vou fazer um curso para os jornalistas terem melhor compreensão; não acharam que o outro lado está contando meia verdade".

De acordo com o porta-voz do Planalto, a presidente Dilma reafirmou sua declaração de que o sistema elétrico brasileiro precisa ser à prova de raios.


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