Folha de S. Paulo


Com reservatórios em baixa, governo decide acionar térmicas mais caras

O forte calor que aumentou o consumo de energia e as chuvas escassas provocaram a redução dos níveis dos reservatórios das principais usinas hidrelétricas do país, num movimento fora do habitual e que tende a se intensificar em fevereiro.

O preço da energia vendida a curto prazo disparou até o limite previsto pelo governo. O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) decidiu acionar até as termelétricas movidas a óleo, mais caras.

Nos meses de verão o normal é recomposição das represas, com o aumento das chuvas, o que não aconteceu esse ano. Em relatório, o ONS prevê um declínio das barragens das usinas.

No Sudeste/Centro-Oeste, principal região consumidora e produtora de energia, o nível tende a baixar de 41% no fim de janeiro para 38% no fim de fevereiro.

Mesmo na região Sul, onde a situação dos reservatórios era melhor, a estimativa é redução de 59% no final de janeiro para 44% na última semana de fevereiro. No Nordeste, a tendência é de estabilidade, ao redor de 42%. Em todos os casos a situação de janeiro era melhor do que em 2013.

Com essa inesperada depreciação dos reservatórios, o custo da geração de energia elétrica está em alta. O teto estabelecido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) já bateu em R$ 882 o megawatt-hora (medida de consumo de energia), o maior desde 2008.

Pelas previsões da ONS, o preço da energia pode superar esse limite. Para a primeira semana de fevereiro, o órgão estima uma valor de R$ 965 o megawatt-hora.

Com a indicação de que as chuvas vão voltar a cair com intensidade em meados do mês, a cifra tende a recuar, chegando a R$ 805 na última semana de fevereiro.

O custo estabelecido pela Aneel e previsto pelo ONS se refere à energia negociada no mercado livre, onde o preço se baseia na oferta e na procura. Só há um limite máximo fixado.

Muitas distribuidoras já têm a maior parte da energia que precisam assegurada em contrato de longo prazo com as geradoras (donas das usinas, como a Eletrobras). O consumo atípico deste verão, entretanto, pode ter pego algumas empresas de surpresa e elevado a necessidade de compra no mercado livre.

O custo adicional dessa energia não será sentido imediatamente na conta dos consumidores. A diferença é repassada apenas uma vez por ano, quando a Aneel autoriza o reajuste das tarifas de cada uma das empresas.


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