Folha de S. Paulo


Santander Brasil vê lucro cair 9,7% em 2013, para R$ 5,744 bilhões

O Santander Brasil registrou lucro líquido de R$ 5,744 bilhões em 2013, resultado 9,7% menor do que os R$ 6,363 bilhões vistos no ano anterior, divulgou o banco nesta quinta-feira (30).

Apenas no quarto trimestre, a cifra foi de R$ 1,409 bilhão, ligeiramente superior (+0,2%) ao R$ 1,407 bilhão registrado entre julho e setembro e 12,3% menor que o valor apurado no mesmo período de 2012.

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"Neste trimestre, tivemos dois eventos não recorrentes, que geraram uma receita de R$ 1,508 bilhão, depois de impostos, que foi compensado integralmente por despesas não recorrentes no mesmo montante, sem impacto no lucro líquido", explica o banco em nota.

Editoria de arte/Folhapress

O primeiro desses eventos foi a venda de 50% de sua unidade de gestão de ativos para os fundos de private equity Warburg Pincus e General Atlantic, dos Estados Unidos. A operação foi concluída por R$ 2.243 milhões, mas, depois da dedução de custos, gerou um ganho depois de impostos de R$ 1,025 bilhão.

Outras receitas foram decorrentes do programa de parcelamento e pagamento à vista de débitos tributários e previdenciários do banco.

A queda no lucro, afirma Jesús Zabalza, presidente do Santander Brasil, tem relação com a redução do spread [diferença entre o juro cobrado nos empréstimos e o pago aos clientes que investem] do banco. "Tivemos um crescimento mais moderado com crédito, em linha com a desaceleração da atividade econômica e com uma realidade de spreads menores", afirma.

A redução dos spreads bancários ainda é reflexo da política de corte de juros iniciada pelos bancos públicos em 2012 e seguida pelas instituições privadas para não perder participação de mercado na concessão de crédito.

Assim como o Bradesco, que também divulgou resultado hoje, o Santander registrou queda na inadimplência. Em 2013, a taxa de calotes superiores a 90 dias ficou em 3,7%, 1,8 ponto percentual menor que o nível de um ano antes. Sobre o terceiro trimestre, houve redução de 0,8 ponto percentual.

Isso permitiu uma diminuição importante nas despesas com provisões para calotes, que incluem as receitas de recuperação de crédito. Essas despesas desceram de R$ 14,991 bilhões em 2012 para R$ 14,227 bilhões no ano passado, uma queda de 5,1%.

Entre outubro e dezembro, a cifra foi de R$ 3,327 bilhões, 5,9% inferior à provisão registrada no terceiro trimestre e 7,61% menor que os R$ 3,601 bilhões vistos um ano antes.

Para Jesús Zabalza, presidente do Santander Brasil, a queda da inadimplência está ancorada em três pilares: uma política de concessão de crédito marcada por uma análise mais profunda do risco dos clientes, reforço nas renegociações de dívidas e foco na unidade de recuperação de crédito.

Zabalza não espera uma redução na inadimplência em 2014 na mesma magnitude da que ocorreu no ano passado, mas ainda vê espaço para queda.

"Ainda temos oportunidade para seguir caindo, graças à nova qualidade na originação de crédito que implementamos há dois anos", diz. Como resultado desse movimento, afirma o presidente, a provisão para calotes também irá diminuir ao longo do ano.

CRÉDITO

A carteira de crédito do Santander Brasil cresceu 7,3% em 2013, somando R$ 227,482 bilhões em dezembro. Sobre o terceiro trimestre, a alta foi de 2,4%.

"Para este ano queremos ter um crescimento focado na carteira de crédito com mais garantia, de longo prazo, como imobiliário e consignado, mais barato para os brasileiros", diz.

O financiamento de veículos, que cresceu bastante no ano passado, também se mantém no foco da instituição financeira. A modalidade, cujos índices de inadimplência assombraram os grandes bancos privados no final de 2010 e início de 2011, é vista com bons olhos pelo Santander Brasil.

"Nós adotamos um modelo de crescimento baseado em parcerias com montadoras que não exige que o banco saia a mercado aberto e melhora a qualidade do crédito concedido", afirma.

O crédito rural é outra aposta do banco para 2014.

Já a carteira de crédito ampliada –que inclui debêntures, FIDCs, notas promissórias e outros ativos– registrou aumento de 9,3% em 2013 ante 2012, passando de R$ 256 bilhões para R$ 279,8 bilhões.

"Nos dois períodos de comparação, a depreciação do real frente ao dólar impactou a carteira de crédito em moeda estrangeira, que inclui também as operações indexadas em dólar, levando ao aumento desta carteira. Desconsiderando o efeito da variação cambial, o crescimento da carteira total em doze meses seria de 5,7%, e no trimestre, de 1,9%", diz o banco.

No mundo, o banco espanhol lucrou 4,37 bilhões de euros em 2013, bem acima dos 2,29 bilhões de euros vistos no ano anterior. Bastante dependente da América Latina, o Santander espanhol disse que está se preparando para um período de maior crescimento.

"Depois de vários anos de fortalecimento do balanço patrimonial e dos níveis de capital, o Santander está começando uma fase de forte crescimento nos lucros nos próximos anos", afirmou Emilio Botín, presidente do conselho de administração do banco espanhol, em nota.

O Brasil respondeu por 23% do lucro líquido do grupo, seguido de Reino Unido (17%), México e Estados Unidos (ambos com 10%).


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