Folha de S. Paulo


Empresário quer TIM e estuda replicar 'Bolsa Família' no Egito

Segundo homem mais rico do Egito, o empresário Naguib Sawiris chama a atenção não só por sua fortuna, iniciada pelo pai na construção civil na década de 1970, mas também por suas ideias.

Os negócios da família diversificaram-se. Sawiris cuida do braço de telecomunicações, a Global Telecom, formada pela fusão da Orascon, de sua família, com a companhia russa Vimpelcom.

Shawn Baldwin/Bloomberg
O empresário egípio Naguib Sawiris
O empresário egípio Naguib Sawiris

Em 2011, com a revolução, ele fundou o Free Egyptians Party, partido político que defende a democratização do seu país. Foi um dos poucos empresários que, investigados por ligação com o governo deposto, não tiveram bens apreendidos. Em viagem ao Brasil, veio se mostrar como "opção à possível compra da TIM" e estudar o Bolsa Família como alternativa para a redução da pobreza no Egito.

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Folha - O sr. quer comprar a Telecom Italia ou a TIM?
Naguib Sawiris - Não é novidade que eu já tentei comprar a Telecom Italia [controladora da TIM Brasil]. Foram duas tentativas frustradas. A última foi há nove meses. Propus um aporte de € 3 bilhões, que seriam integralmente usados na redução do endividamento da companhia italiana.

Há rumores de que a Telefónica, sócia da Telecom Italia, teria interferido. É verdade?
Houve a pressão, mas não sei dizer exatamente de quem porque eu não estava no conselho da Telecom Italia.

O sr. desistiu de adquirir o controle da Telecom Italia?
Sim.

Se a Telecom Italia decidir-se, em abril, pela venda da TIM, o sr. fará uma oferta?
Seguramente. Não é a primeira vez que tento entrar no Brasil. A primeira foi em 2007. Fizemos uma oferta pelo controle da Brasil Telecom. Não deu certo, mas sempre olhamos para o Brasil.

Mas querem vendê-la fatiada.
Essa é uma ideia defendida pela Telefónica no conselho da Telecom Italia e eu sou veementemente contrário porque irá depreciar não só as ações da Telecom Italia [empresa em que Sawiris é acionista minoritário], mas também os ativos de cada um desses pedaços.

Já fez uma oferta pela TIM?
Não. Mas farei, caso decidam vendê-la.

O sr. é um dos homens mais ricos do mundo, mas a possível compra da TIM envolve cifras acima de € 20 bilhões. Há recursos?
Estou com um grupo de investidores nesse negócio [não revela os nomes]. Os recursos estão disponíveis.

Por que o sr. esteve com o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) no final do ano?
Em 2011, fundei um partido político que defende a democratização do Egito, um país que, em questões sociais, está na situação em que o Brasil estava há 15 anos.

Vim para visitar locais e estudar as experiências do Bolsa Família. Gostaria de replicar o modelo no Egito para reduzir os índices de pobreza. Aproveitei o momento para conhecer um pouco mais do mercado de telecomunicações. Por isso, pedi o encontro com o ministro.

O sr. disse a ele que quer comprar a TIM?
Sim. Sou uma opção para a compra da TIM, caso ela seja vendida, e defendi que o governo brasileiro não pode fatiar essa companhia.

Por quê?
Isso aconteceu em outros países e foi desastroso. Motivos: os preços subiram e muitos funcionários perderam seus empregos, porque sempre ocorrem sinergias.


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