Folha de S. Paulo


Bolsa sente peso dos EUA e fecha em queda; dólar cede a R$ 2,359

Influenciado pela queda dos mercados nos Estados Unidos, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou esta segunda-feira (13) em baixa de 0,54%, a 49.426 pontos. A desvalorização de Petrobras e Vale também pressionou o desempenho do índice.

"A agenda econômica foi bem fraca, o que nos deixou reféns do mercados americanos", diz João Brügger, analista da consultoria Leme Investimentos. "As Bolsas nos EUA subiram muito em 2013, por isso são maiores as chances de queda em dias com poucas referências, como hoje", acrescenta.

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A baixa do Ibovespa foi guiada pelas desvalorizações dos papéis mais negociados de Petrobras (-1,25%) e Vale (-0,96%). Juntos, esses dois papéis representam mais de 16% do Ibovespa.

"A falta de referência também abriu espaço para o mercado ponderar as perspectivas ruins para a economia brasileira", afirma Brügger.

Hoje, o Boletim Focus, do Banco Central, revelou uma alta nas projeções para a inflação no país em 2014. Segundo os dados do relatório, a perspectiva é de que o IPCA (índice oficial de inflação) termine este ano com alta de 6%. Além disso, a balança registrou deficit de US$ 574 milhões entre 1º e 12 de janeiro;

"O mercado espera alguma sinalização mais firme do governo contra a inflação. Logo no início do ano já ter projeções de inflação de 6% [bem perto do limite do teto da meta do governo, de 6,5%] é péssimo. Vamos ver o que o Banco Central fará com a taxa básica de juros [a Selic] nesta semana", completa o analista da Leme.

Na quarta-feira (15), termina o primeiro encontro do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) em 2014. As apostas do mercado, por ora, estão divididas entre uma elevação de 0,25 ponto percentual na Selic ou um aumento de 0,50 ponto percentual. Em novembro, o BC subiu pela sexta vez seguida a taxa básica, para os atuais 10,0% ao ano.

A empresa de saneamento Sabesp liderou a ponta negativa do Ibovespa nesta segunda-feira, com perda de 3,30%. A baixa ainda repercute a notícia de que a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) alterou o cronograma da revisão tarifária da companhia.

O setor imobiliário e construção, por sua vez, liderou os ganhos do Ibovespa no dia, com destaque para Gafisa (+6,27%), MRV (+4,42%), Even (+2,11%), Brookfield (+1,92%) e Br Properties (+1,77%). Todas estiveram entre as 10 maiores valorizações do índice nesta segunda-feira.

CÂMBIO

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 0,34% em relação ao real, cotado em R$ 2,359 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 0,59%, a R$ 2,351.

Segundo operadores, a queda refletiu o anúncio do Banco Central de que irá promover nesta semana a rolagem de contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) que vencem em fevereiro.

Ainda repercutiu positivamente sobre o câmbio o indicador pior que o esperado referente ao mercado de trabalho dos EUA, divulgado na última sexta-feira. O resultado pode fazer com que o Fed (BC americano) freie o processo de retirada do estímulo naquele país, o que atrasaria um enxugamento do volume de dólares nos emergentes, como o Brasil.

A baixa do dólar também foi ajudada pela intervenção programada do BC brasileiro no mercado de câmbio, que ocorre diariamente através da venda de 4 mil contratos de swaps cambiais tradicionais. Hoje, esta operação movimentou US$ 199,2 milhões.


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