Folha de S. Paulo


Colhedor de café viaja 1.200 km para vender sorvete em praia paulista

Na temporada de verão, há quem percorra mais de 1.200 km em busca de um bom negócio em frente ao mar. Sempre em novembro, Jaime Rodrigues, 28, despede-se do trabalho de colheita nas fazendas de café no norte de Minas Gerais e pega a estrada rumo ao litoral do Estado de São Paulo.

Neste ano, o jovem de Virgem da Lapa foi contratado como sorveteiro em empresa de Ilhabela, a FrutVerão. Do serviço anterior, na colheita, guarda como semelhança a jornada extensa. Rodrigues estima cumprir até dez horas de jornada diária para a venda de sorvetes na praia do Curral, uma das mais badaladas da região.

'Indústria do verão' fatura até 71% mais

As vendas aumentam em dias de calor. Na quinta-feira passada, enquanto conversava com a reportagem, o sorveteiro foi abordado por até sete clientes em menos de 15 minutos.

Leonardo Soares-08.jan.2014/Folhapress
Jaime Rodrigues, que saiu do norte de Minas Gerais e foi para Ilhabela (SP) vender sorvete
Jaime Rodrigues, que saiu do norte de Minas Gerais e foi para Ilhabela (SP) vender sorvete

LÍNGUA AZUL

"Tio, tem Blue Ice?", perguntou uma das crianças, referindo-se a um picolé que deixa a língua azul. Em um dia comum, ele calcula vender 150 picolés (os preços variam de R$ 3,50 a R$ 5). "Mas tem vezes que vendo mais. No final de semana sai de 200 até 300 palitos por dia", afirma o mineiro, que estima receber até 30% do valor total das vendas.

Apesar da experiência –além do litoral paulista, Rodrigues já trabalhou nas praias de Santa Catarina–, trabalhar embaixo do sol não é fácil. "Tem que fazer da fraqueza a força. Às vezes dá vontade de deixar o carrinho e sair correndo", afirma, aos risos. Rodrigues não é o único que veio de "longe" para trabalhar no litoral paulista.

Também de Minas, mas da cidade de Berilo, no Vale do Jequitinhonha, o sorveteiro Alcidino Rocha Alves, 40, da Nestlé, já comemora: para ele, as vendas estão melhores nesta temporada.

"Depende muito do público e de como está o tempo. Neste ano está melhor porque tem mais sol", afirma ele, que faz o trajeto rumo ao litoral há cinco anos, junto com alguns de seus familiares.


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