Folha de S. Paulo


Todos os réus do caso PanAmericano irão a julgamento

Nenhum dos 17 acusados pelas fraudes bilionárias do banco PanAmericano obteve sucesso na última tentativa para se livrar de julgamento.

O juiz Marcelo Cavali, da 6ª Vara Criminal Federal de São paulo, negou a absolvição antecipada dos ex-executivos da instituição que pertencia ao apresentador Silvio Santos.

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O PanAmericano teve um rombo de R$ 4,3 bilhões e foi vendido numa operação de salvamento para o banco de investimento BTG Pactual.

Acusados de desviar dinheiro do banco, fraudar os balanços para esconder seus prejuízos do mercado e de ter ligações "promíscuas" com outras empresas do Grupo Silvio Santos, os ex-executivos tentaram desqualificar a denúncia apresentada em agosto de 2012 pelo Ministério Público Federal.

Contestaram, também, a obtenção de provas pela Polícia Federal, como e-mails trocados pelos principais executivos, entre eles Luiz Sandoval, ex-presidente do grupo, Rafael Palladino, ex-presidente do banco, e Wilson de Aro, ex-diretor financeiro.

A maioria dos réus afirmou não ter participado das fraudes. O ex-diretores disseram que só foram acusados em razão dos cargos que ocupavam. Sobre os R$ 88 milhões que receberam por fora entre 2007 e 2010, alegaram que se tratava de repasse de bônus -e não desvio de recursos.

Os argumentos de que seriam inocentes, no entanto, não convenceram o juiz. A tentativa era a de se livrar do processo na fase inicial.

Na decisão, o juiz já marcou para março os primeiros depoimentos. Entre as testemunhas que serão convocadas, a pedido da defesa, está Silvio Santos.

O juiz pediu uma nova perícia contábil para ter certeza dos prejuízos apontados pelo Banco Central. Alguns dos réus questionaram os números indicados na denúncia.

A FRAUDE

Os ex-executivos são acusados de ter inflado durante anos os balanços do PanAmericano. O esquema teria começado em 2006, com a dificuldade de captar recursos.

Com a crise financeira internacional de 2008, a situação se agravou e, de acordo com a Procuradoria, o banco intensificou a maquiagem contábil de seus balanços, registrando lucros, quando, na verdade, tinha prejuízo.

No final de 2009, a Caixa Econômica Federal comprou 35% do banco, por R$ 732 milhões. O rombo veio a público um ano depois, num escândalo em que o PanAmericano quase quebrou. Em janeiro de 2011, o BTG comprou a instituição, por R$ 450 milhões.


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