Folha de S. Paulo


Dólar sobe e se aproxima de R$ 2,40, à espera de dados dos EUA

O dólar voltou a subir nesta quinta-feira (9) e se aproxima dos níveis vistos no final de agosto, diante da expectativa dos investidores por números do mercado de trabalho dos Estados Unidos que serão divulgados amanhã.

Segundo operadores, a preocupação é que dados fortes de emprego colaborem para que o Fed, banco central americano, acelere o ritmo de retirada de seu estímulo econômico. Isso enxugaria o volume de recursos disponíveis para investimento nos emergentes, como o Brasil, restringindo a oferta de dólares e pressionando a cotação da moeda para cima.

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Às 11h31 (horário de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subia 0,23% em relação ao real, para R$ 2,395 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 0,25%, a R$ 2,396.

Até o momento, este é o maior valor para o dólar desde 22 de agosto, quando a moeda à vista chegou a R$ 2,430, forçando o Banco Central do Brasil a adotar um programa de intervenções diárias no câmbio para tentar conter a escalada da cotação.

Ontem, a ata da última reunião do Fed mostrou que os membros do banco central dos EUA consideravam no mês passado que o programa de estímulos iniciado no fim de 2012 já estava perdendo poderes e trazendo riscos para a economia.

O Fed, em dezembro, deu o primeiro passo para reduzir sua política para tirar a economia americana do buraco: diminuiu de US$ 85 bilhões para US$ 75 bilhões a injeção mensal de estímulo, via compra de títulos.

A alta do dólar hoje ocorre mesmo com a intervenção programada do BC brasileiro no mercado, através da venda de 4 mil contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro), por US$ 199,2 milhões.

BOLSA

No mercado de ações, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tinha queda de 0,88%, às 11h32, para 50.127 pontos. A cautela com os dados de emprego americano e um ligeiro desaquecimento da economia chinesa, segundo analistas, ofuscava a agenda positiva da Europa no dia.

Na China, a inflação anual ao consumidor desacelerou com mais força do que o esperado em dezembro, para 2,5%, a mínima em sete meses. O dado sugere um consumo menor no principal parceiro comercial do Brasil.

Na Europa, a confiança econômica dos 18 países que compartilham o euro se fortaleceu em 1,6% em dezembro, para 100,0, no nono mês seguido de aumento, superando as expectativas de economistas. Além disso, a produção industrial da Alemanha cresceu ligeiramente acima do esperado em novembro, avançando 1,9% na comparação mensal.

Ainda no Velho Continente, o Banco Central Europeu manteve sua principal taxa de juros na mínima recorde de 0,25% ao ano nesta quinta-feira, atendo-se à sua política apesar da persistente fraqueza de preços na zona do euro que vem alimentando preocupações quanto ao risco de deflação. A medida era amplamente esperada pelo mercado.

A Inglaterra também manteve inalterada sua política monetária, mantendo seu plano de deixar as taxas de juros na mínima recorde até que a recuperação da Grã-Bretanha se estabeleça de modo mais firme.

AÇÕES

A queda da Bolsa era guidada pela desvalorização das ações mais negociadas de Petrobras (-0,43%) e Vale (-1,12%), às 11h32. Juntos, esses dois papéis representam mais de 16% do Ibovespa.

Às 11h32, quem liderava as perdas do Ibovespa era a CCR, com baixa de 2,80%. A Controlar, empresa da CCR que realiza inspeção veicular em São Paulo, entregou aviso prévio a seus 800 funcionários nesta quinta, em meio a possibilidade de perder o contrato com a Prefeitura da capital paulista, informou a companhia em nota.

Na outra ponta do índice, a ALL tinha a alta mais expressiva, de 7,52%. O jornal "Valor Econômico" afirmou hoje que uma fusão entre a ALL e a Rumo Logística, companhia de transporte de açúcar da Cosan, está em avaliação como solução para a disputa judicial entre as empresas a respeito do cumprimento do transporte de volumes contratados para escoamento de açúcar.

As ações da Cosan subiam 2,19% no mesmo horário.

Com Reuters


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