Folha de S. Paulo


Renda fixa deve ter desempenho instável em 2014

O desempenho da renda fixa deve permanecer instável em 2014, segundo analistas.

Considerada uma aplicação segura, a renda fixa também oferece risco, que passaram a ser mais perceptíveis neste ano em função da mudança na política de juros.

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Analistas veem 2014 difícil para aplicações

Em 2013, o aumento do juro básico (a taxa Selic), de 7,25% em março para 10% ao ano em novembro, fez com que os títulos prefixados -cuja taxa de retorno é definida no momento da compra- tivessem fortes perdas.

Isso ocorreu devido à chamada "marcação a mercado", mecanismo que atualiza diariamente o valor do título pela diferença entre a taxa de juro do momento e a de emissão do papel. Com a alta do juro, os prefixados (taxas menores) tiveram desconto elevado implicando prejuízo aos fundos e aos donos de papéis.

Editoria de arte/Folhapress

No caso dos títulos mais longos, como as NTB-B (indexadas à inflação mais taxa prefixada) com vencimento em 2035, as perdas em maio chegaram a 20%.

"Como a perspectiva é de que a Selic continue subindo e se estabilize até o fim de 2014 em 10,5% ou 10,75% ao ano, o ideal é investir em papéis pós-fixados que acompanham a oscilação da taxa", diz Sandra Blanco, da Órama.

Já para Michael Viriato, professor de finanças do Insper, o momento é indicado não só para os títulos públicos pós-fixados, mas também para quem quer comprar papéis prefixados.

"O ideal é fazer compras programadas, mensalmente. Até para se aproveitar das taxas enquanto estão altas, antes do movimento de queda, que deve ficar para o final de 2015."

Outra recomendação é montar uma carteira que contemple papéis de longo e de curto prazos. Apostar em títulos atrelados à inflação também é recomendado.

"Estamos com um nível de juros muito interessante. É o momento de aproveitar a oportunidade e não de inventar moda", diz Paulo Corchaki, responsável pela área de gestão de riquezas do UBS.

Para ele, a cautela deve pautar o cenário econômico no próximo ano. "Não vai haver nenhuma grande mudança em 2014, até por ser ano eleitoral. Todas as novidades econômicas ficarão guardadas para 2015, incluindo altas mais expressivas nas taxas de juros", afirma.

Na avaliação do consultor Marcelo d'Agosto, a taxa de administração elevada também ajudou a corroer o ganho do investidor no segmento.

"Com taxas de administração mais baixas, oferecidas em geral aos grandes aplicadores, é possível obter rendimentos melhores mesmo em um ambiente difícil", diz.

Fundos de renda fixa com títulos privados em carteira tiveram desempenho melhor em 2013 do que aqueles só com papéis públicos. Esses títulos têm mais risco -o de calote da empresa-, por isso pagam mais ao investidor.

Na avaliação dos consultores, o desempenho potencial maior desses títulos em relação ao dos públicos deve se manter em 2014, especialmente dos que oferecem isenção de Imposto de Renda, como a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).


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