Folha de S. Paulo


Mulheres usam diários sobre a própria dieta para criar produtos

Fazer dieta se tornou também um negócio. Usuárias de redes sociais que compartilham na web a rotina de seus regimes faturam até R$ 10 mil por mês com suas receitas de saúde e emagrecimento.

É o caso da personal trainer Renata Rosa, 32, de Sorocaba (a 99 km de São Paulo). Foi por causa da silhueta que Kate Middleton exibiu em seu casamento com o príncipe William, em abril de 2012, que ela descobriu a dieta Dukan, baseada no consumo de proteínas e na restrição de carboidratos e gorduras.

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Famoso na Europa, o regime da duquesa repercutiu no Brasil e seu autor, o francês Pierre Dukan, veio ao país para relançar o livro "Eu Não Consigo Emagrecer" (Ed. Best Seller, 308 págs, R$ 32).

Rosa resolveu testar a dieta e, para se motivar, iniciou o perfil Reedukan no Instagram, em que postava fotos de seus pratos e relatava sua experiência como em um diário. Em dois meses, perdeu 7 quilos e reuniu 2.000 seguidores na rede social.

Passou a vender kits de R$ 25 a R$ 75, com misturas secas de bolos, cupcakes e pães com os ingredientes permitidos pela Dukan.

Hoje, ela se dedica só à empresa e diz enviar por correio pelo menos 30 kits por dia.

"O processo ainda é muito artesanal, faço tudo sozinha. Mas firmei parcerias para ganhar escala em 2014", conta.

Joel Silva/Folhapress
A personal trainer Renata Rosa divulga no Instagram seus kits com misturas para bolos, pães e cupcakes adequados à dieta Dukan
A personal trainer Renata Rosa divulga no Instagram seus kits com misturas para bolos, pães e cupcakes adequados à dieta Dukan

Outra iniciativa que decolou com as redes sociais foi a Culinária Viva, da niteroiense Juliana Malhardes, 37.

Adepta da dieta viva, a advogada criou um blog em 2007 sobre o regime vegetariano, que dispensa o cozimento dos alimentos.

Ali, oferecia cursos presenciais e teleconferências sobre a dieta, mas só começou a lucrar quando começou a divulgação no Facebook, dois anos atrás. "Ganhei visibilidade e dez vezes mais pedidos, com custos mínimos", conta.

Hoje, Malhardes cobra de R$ 65 (aula via Skype) a R$ 900 (imersão de fim de semana) por pessoa para ensinar fundamentos e receitas do regime. "Não é um sucesso, é um milagre: faço meus horários e vivo do que amo."

Macarena Lobos/Divulgação
A advogada Juliana Malhardes divulga seus cursos sobre dieta viva no Facebook; pacotes de aulas variam de R$ 65 a R$ 900
A advogada Juliana Malhardes divulga seus cursos sobre dieta viva no Facebook; pacotes de aulas variam de R$ 65 a R$ 900

Aproveitar a dieta do momento para lançar um negócio nas redes sociais revela um espírito empreendedor positivo, mas exige uma série de cuidados, segundo a nutricionista Suzana Lima.

A coordenadora da pós-graduação em gestão de negócios em serviços de alimentação do Senac diz que existem regulamentações específicas tanto para orientação nutricional quanto para vender alimentos para regimes.

"Um leigo não deve orientar dietas, pois isso é responsabilidade de um nutricionista. Os Conselhos de Nutrição podem intervir se acharem que o negócio causa risco ao cliente ou interfere na área de atuação de um profissional", afirma a professora.

No caso da venda de alimentos, Lima atenta para o fato de a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) impor regras para divulgar produtos com propriedades nutricionais. "Além disso, pensando no aspecto do negócio, é arriscado se basear só em dietas da moda, que podem cair com novos estudos científicos."

A nutricionista recomenda que empreendedores consultem especialistas e atentem para as regulações específicas.


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