Folha de S. Paulo


Análise: Extensão de prazo para itens de segurança preserva lucro e abala confiabilidade

A provável prorrogação do prazo para instalar airbags e freios ABS em todos os carros à venda servirá para fabricantes de modelos de grande volume preservarem boas margens de lucro em 2014.

O setor acredita que o ano da Copa não vai registrar alta nas vendas internas em comparação a 2013. A previsão, aliás, é de queda de 1%.

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Com o aumento da concorrência, as grandes montadoras sabem que não será possível repassar os gastos com o pacote de segurança integralmente ao consumidor. Embora haja o ganho de escala, as empresas têm contado centavos após meses de queda nos emplacamentos.

Automóveis que já estavam sendo oferecidos com freios ABS e airbags frontais em todas as versões deverão voltar às lojas em opções sem esses equipamentos. Assim, os itens voltarão a figurar como opcionais, que, quando escolhidos, elevarão o preço final do produto.

Editoria de Arte/Folhapress

Se as vendas em 2013 e as projeções sobre 2014 fossem mais otimistas, é provável que a extensão do prazo de adequação nem sequer estivesse em discussão.

A adoção dos itens de segurança foi gradativa (teve início em 2010), dando tempo para os fabricantes fazerem as devidas adaptações.

Indicada como um dos motivos para a prorrogação do prazo para colocação de airbags e ABS, a onda de demissões previstas por sindicatos devido ao fim da produção de alguns modelos é bastante questionável.

A chegada de carros mais modernos às linhas de montagem ajudaria a absorver a mão de obra. A VW, por exemplo, que retiraria de linha a Kombi e o Gol G4, já está produzindo as unidades pré-serie do compacto Up!, que será lançado no início de 2014.

Além de perder a oportunidade de elevar o nível de segurança dos automóveis produzidos e comercializados no Brasil, prorrogar o prazo de adequação reforça a percepção de que o setor automotivo nacional não é confiável tanto para o consumidor como para o mercado mundial.

A medida atrapalha planos de incentivo à exportação de veículos e divide os fabricantes. A Renault, por exemplo, já preparava o lançamento do Clio com airbag e ABS em toda a linha. Agora, irá avaliar se o investimento na fábrica vale a pena.


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