Folha de S. Paulo


Greve geral paralisa obras da usina hidrelétrica de Belo Monte

Sem acordo sobre reajuste salarial, praticamente todo o quadro efetivo da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, está de braços cruzados.

Mais de 27 mil funcionários entraram em greve na manhã desta terça-feira (26). Apenas serviços essenciais, como segurança, manutenção e portaria, não foram alterados.

Em meio à negociação da data-base, os trabalhadores decidiram paralisar as atividades após assembleia no sábado (23), quando foi recusada proposta de reajuste salarial enviada pelo CCBM (Consórcio Construtor Belo Monte).

Os trabalhadores reivindicam aumento salarial de 15%, além de reajustes na cesta básica e na PLR (Participação nos Lucros e Resultados). O CCBM enviou nova proposta nesta terça-feira, após a paralisação, com aumento salarial de 11%, reajuste de 12% na PLR e de 30% na cesta básica, mas não houve acordo.

"Amanhã [27] provavelmente continuará parado. Estamos aguardando nova proposta do CCBM. Não havendo, mantém-se a greve, e ele [consórcio] deve entrar na Justiça para buscar meios legais", disse o vice-presidente do Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Pará), Roginel Gobbo.

Em nota, o CCBM informou que, sem acordo com os funcionários, está avaliando as medidas a serem tomadas. O consórcio, liderado pela construtora Andrade Gutierrez, foi contratado pela Norte Energia para erguer a usina. A Norte Energia, por sua vez, é a concessionária responsável pela hidrelétrica, e é formada por empresas estatais, privadas e fundos de pensão. O grupo Eletrobras tem a maior fatia, com 49,98% de participação.

Essa não é a primeira paralisação dos trabalhadores. Em maio deste ano, a Conlutas promoveu outra greve, também por melhores condições salariais.

OPERAÇÃO

Quando atingir operação plena, prevista para 2019, Belo Monte terá capacidade instalada de 11,2 mil megawatts (MW), a terceira maior do mundo, atrás de Três Gargantas (China) e Itaipu (Brasil/Paraguai). Mas o sistema interligado nacional poderá contar apenas com uma média de 4.571 MW de energia garantida.

O custo oficial da obra é de R$ 27,3 bilhões. Com as várias paralisações e alterações de projeto, estima-se que deva ultrapassar R$ 30 bilhões.


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