Folha de S. Paulo


França reduz velocidade máxima quando detecta lentidão à frente

Os franceses recorrem à redução de velocidade como uma das principais estratégias para reduzir engarrafamentos nas rodovias do país. Sensores no asfalto, à semelhança dos de radares de controle de velocidade, e câmeras contabilizam em tempo real quantos veículos passam pelo local. Quando um congestionamento é identificado em um ponto, placas eletrônicas reduzem a velocidade máxima da via para os veículos que vêm atrás, para que eles demorem a chegar ao ponto mais carregado.

"O conjunto do tráfego fica mais lento, porém circula melhor. No final, a viagem fica mais rápida", afirma o tenente-coronel Ghislain De Sars, do Centro Nacional de Informação Rodoviária, que monitora a circulação no país.

Estima-se que a técnica reduza os engarrafamentos franceses em 30%. Além disso, calcula-se uma redução de 20% nos acidentes.

O sistema se serve também de ampla e detalhada divulgação em tempo real da situação das estradas, com informações sobre engarrafamentos, obras, acidentes e nevascas, além de sugestão de horários e trajetos de viagens fora de horários de picos.

Com uma área duas vezes maior que o Estado de São Paulo e 1 milhão de quilômetros de vias terrestres (incluindo as urbanas), a França tem como nó logístico a concentração populacional na região de Paris, onde vive mais de um quinto dos franceses e há uma média de 200 km de congestionamentos na hora do rush matinal.

Em fins de semana, feriados e férias, os maiores fluxos nas estradas são em direção ao sul do país, durante primavera e verão, e aos Alpes, no inverno. Para controlar os picos, o governo divide a França em três zonas nas férias escolares de inverno (entre fevereiro e março) e de primavera (abril a maio). Assim, escolas pelo país liberam as crianças em períodos diferentes, com reflexo nas férias de seus pais.

O governo estuda ampliar o sistema de zonas para as férias de verão. Seria uma forma de minimizar os engarrafamentos dos "dias negros", como são conhecidos os dias entre fim de julho e início de julho quando, para terror dos controladores de tráfego, não só toda a França, mas os países do norte da Europa parecem tomar as estradas em direção ao Mediterrâneo. Nesses dias, as estradas francesas chegam a registrar 600 km de vias congestionadas.

Também ajudam a reduzir a pressão sobre as estradas da França os 29 mil quilômetros de ferrovias e a popularização do sistema de oferta e busca de caronas em sites especializados, utilizado por 700 mil usuários por mês.


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