Em reação às crescentes críticas à política econômica do governo e às queixas a seu estilo intervencionista, a presidente Dilma Rousseff passou a priorizar os contatos com empresários e a reforçar o discurso em defesa de sua linha de ação.
Nas últimas semanas, a presidente se reuniu donos de grandes empresas, como Andrade Gutierrez e Odebrecht, para discutir os programas de concessões.
Nas conversas, ela prometeu que sua equipe vai montar projetos com taxas de retorno justas.
Ontem, foi a vez de ela receber a Camargo Corrêa e, depois, o empresário Abilio Diniz -sempre visto como aliado do governo, o atual presidente do conselho da BRF recentemente fez críticas à comunicação do Planalto com o setor empresarial, além de ter mantido contatos com Marina Silva, que se aliou ao projeto presidencial de Eduardo
Campos (PSB-PE).
Hoje, Dilma estará em Campinas para encontro com micro e pequenos empresários, quando participará do lançamento do portal que visa desburocratizar o setor, tornando mais rápido o processo de abertura e fechamento de empresas.
corpo a corpo na web
O empenho de Dilma não é só presencial. Ela usou ontem sua conta no microblog Twitter para defender sua criticada política fiscal, que registrou um péssimo resultado em setembro.
Ignorando o fato de o resultado fiscal estar bem distante da meta do ano, a presidente destacou que apenas seis economias do G20, entre as quais o Brasil, devem fechar o ano com superavit primário em 2013.
Ela insistiu que a inflação no país está sob controle. "Quem aposta contra o Brasil sempre perde", disse ontem no microblog.
Segundo a Folha apurou, os encontros com empresários e a defesa de sua política fazem parte da ofensiva presidencial para tentar reverter o clima de pessimismo na economia.
No plano mais imediato, ela quer tentar garantir o sucesso dos leilões do seu programa de concessão.
A reunião com Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa visou estimular a presença das três empreiteiras nos leilões dos aeroportos do Galeao (RJ) e Confins (MG), que ocorrem no fim desta semana, e de trechos de rodovias federais, marcados para a próxima.
Dilma tem sido ainda aconselhada a vocalizar empenho na área fiscal, numa tentativa de recuperar a credibilidade do governo no setor.
Alguns de seus conselheiros, como o ex-ministro Delfim Netto, defendem que ela vá além do discurso e assuma publicamente compromisso de que seu governo atingirá uma meta de superavit primário de 2% do PIB-neste ano, a meta oficial é de 2,3% do PIB.
As mensagens da presidente também miravam o Congresso, que tem em sua pauta de votações vários projetos classificados como bombas fiscais em potencial.