Folha de S. Paulo


Trabalhadores protestam na praça da Sé pelo fim do fator e pela correção da tabela do IR

Trabalhadores ocuparam nesta terça-feira (12) o centro de São Paulo para pedir o fim do fator previdenciário e a correção da tabela do Imposto de Renda, em protesto organizado pelas centrais sindicais. Segundo estimativa da Polícia Militar, o grupo somava 300 pessoas.

Atos em todos os Estados do país estavam programados para acontecer simultaneamente.

Liderados por um carro de som, os trabalhadores se reuniram por volta das 10h, na praça da Sé, e seguiram pela rua Boa Vista até chegar à superintendência do INSS, no viaduto Santa Ifigênia, onde a manifestação acabou por volta das 12h.

O percurso foi marcado por discursos e tentativas por parte dos sindicalistas de engajar os trabalhadores, incomodados pelo forte sol. "Lutar! Lutar! Para o fator [previdenciário] acabar", gritavam, sem sucesso, as lideranças.

A manifestação foi organizada pela Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), juntamente com as demais centrais sindicais CUT (Central Única dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil) e Nova Central.

FATOR PREVIDENCIÁRIO

O fator previdenciário, disse Miguel Torres, presidente da Força Sindical, retira, no ato da aposentadoria, 40% do valor do benefício. O índice leva em conta o tempo de contribuição e a idade que o segurado tem quando pede a aposentadoria. Quanto mais jovem, maior o fator e, consequentemente, menor o benefício.

No dia 21 de agosto, governo e centrais se reuniram para tratar do tema. Na época, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) afirmou que "não há da parte do governo nenhuma intenção no fim puro e simples do fator previdenciário". "Portanto, acho que a disposição da mesa de negociação é de encontrar uma fórmula que permita implementar gradualmente, implementar de forma sustentável", acrescentou.

Os sindicalistas afirmam que o governo havia estabelecido um prazo de 60 dias para elaborar propostas, mas, até agora, não foram chamados para um nova reunião.

"O governo se faz de esquecido. Por isso estamos aqui hoje, para chamar a atenção", disse Torres.

Membros do sindicato dos aposentados foram mais literais, ao gritar, em coro: "Dilma, preste atenção, aposentado também vota na eleição".

TABELA DO IR

Sobre o IR, a reclamação é que com a defasagem na correção da tabela do imposto, o limite da isenção diminuiu ao longo dos anos. Assim, os trabalhadores com renda mais baixa acabam tendo que pagar o imposto.

Pela tabela atual, aqueles que recebem até 2,52 salários mínimos (cerca de R$ 1.709) terão de pagar o IR. Conforme estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em 1996 os trabalhadores que recebiam até nove salários mínimos eram isentos do pagamento do imposto, destacou Torres.

Segundo estudo do sindicato dos auditores fiscais da Receita Federal, a defasagem entre a tabela e a inflação pode chegar a 62% até o final do ano.

Para o aposentado Edmundo Benedetti, 60, a correção da tabela deveria ser obrigatória. "Nem precisaria fazer protesto", disse.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Em São Paulo, trabalhadores protestam pelo fim do fator previdênciário e pela correção da tabela do IR
Em São Paulo, trabalhadores protestam pelo fim do fator previdênciário e pela correção da tabela do IR

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