Folha de S. Paulo


Bancos privados evitam risco e preservam lucro em 2013

Financiamento imobiliário, consignado e empréstimos a grandes empresas. Essa é a nova cara do crédito nos bancos privados, tendência apontada ontem pelo Itaú, que teve lucro de R$ 4,02 bilhões no terceiro trimestre -17,9% superior ao do mesmo período de 2012.

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Além do Itaú, o Bradesco e o Santander se voltaram para segmentos de menor risco de inadimplência em 2013, ano de desaceleração da economia, inflação persistente e de concorrência acirrada com as instituições públicas.

A estratégia implicou forte redução nas margens de lucro (esses segmentos trazem ganho menor aos bancos), que foi compensada por inadimplência e despesa menores com provisões para devedores duvidosos.

Aliado ao controle nos custos, que cresceram abaixo da inflação, e ao avanço da receita com serviços e tarifas, o resultado foram lucros ainda bilionários no período.

O Bradesco lucrou R$ 3,06 bilhões, 7,1% mais do que no terceiro trimestre de 2012. A exceção foi o Santander, que teve recuo de 6,8% nos ganhos, para R$ 1,41 bilhão.

"Mudamos o mix da carteira de crédito de maior risco para menor risco. Isso sustentou nossos resultados junto com o controle de custos e receita maior com os serviços prestados aos clientes", diz Rogério Calderon, diretor-executivo do Itaú.

Os bancos privados reduziram os empréstimos para veículos e se tornaram ainda mais seletivos nos financiamentos para pequenas empresas, ramos em que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil avançaram.

No Itaú, por exemplo, o volume de financiamentos de veículos encolheu 20,9% em um ano, enquanto no Bradesco a redução foi de 7,4%.

O crédito para micro e pequenas empresas caiu 4,1% no Itaú e 1,2% no Santander. O Bradesco foi exceção, com expansão de 12% nesse ramo.

CONSERVADORISMO

Já o crédito imobiliário saltou 34,9% no Itaú, 33,1% no Bradesco e 31,9% no Santander na comparação com 2012. O crédito consignado teve expansão ainda maior: 64% no Itaú e de 52,5% no Bradesco.

A inadimplência, por sua vez, foi aos menores patamares desde 2008: 3,9% no Itaú, 3,6% no Bradesco e 4,5% no Santander. Isso permitiu aos bancos privados reduzir despesas com provisões para calote, de longe a de maior impacto nos empréstimos.

Juntos Itaú, Bradesco e Santander economizaram R$ 2,35 bilhões com provisões na comparação entre os terceiros trimestres de 2012 e 2013.

"Os bancos privados estão mais conservadores. Apesar de nada indicar um aumento do desemprego, os bancos estão preocupados com o endividamento das famílias e com a inflação, que corrói a renda", diz João Augusto Sales, analista da Lopes Filho.

Editoria de Arte/Folhapress

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