Folha de S. Paulo


Nova linha de transmissão amplia entrega de energia de Itaipu ao Paraguai

A presidente Dilma Rousseff inaugura na tarde desta terça-feira (29), em Foz do Iguaçu (630 km de Curitiba), um novo sistema de transmissão entre a hidrelétrica binacional de Itaipu e a capital do Paraguai, Assunção, que deverá aumentar a capacidade de aproveitamento de energia do país vizinho.

O sistema inclui uma linha de transmissão de 500 quilovolts (kV) entre Itaipu e a cidade de Villa Hayes, na região metropolitana de Assunção. A maior parte dos investimentos para as obras saiu do Brasil.

As obras do novo sistema incluíram a ampliação da subestação da margem paraguaia de Itaipu, a construção de uma subestação em Villa Hayes, no Paraguai, e uma linha de transmissão com 348 km ligando a usina à cidade nos arredores da capital paraguaia.

De acordo com estimativas de Itaipu, o sistema deverá ampliar em 1.200 megawatts (MW) a capacidade de aproveitamento pelo Paraguai da energia produzida pela hidrelétrica. O total equivale à soma da demanda de energia dos Estados do Amazonas, Rondônia, Roraima e Tocantins.

A ampliação do aproveitamento da energia pelo Paraguai será gradual. Dos 1.200 MW estimados, o país deverá usar agora de 250 MW a 300 MW, segundo dados de Itaipu. A demanda de energia atual no país é de cerca de 2.500 MW, em horário de pico.

As obras tiveram custo total de US$ 320 milhões (R$ 699 milhões) e foram financiadas com recursos do Focem (fundo para desenvolvimento do Mercosul cujo maior contribuinte é o Brasil). O Paraguai entrou com contrapartida de 15% do valor.

Com a entrada em operação da nova linha de transmissão, a expectativa do país vizinho é que o sistema atraia investimentos na indústria e ajude na transição de seu perfil econômico, hoje essencialmente agrícola. Da energia consumida no Paraguai atualmente, 43% são para uso residencial e apenas 22% têm fins industriais.

A nova linha de transmissão já estava em funcionamento desde 6 de outubro, em fase de testes, e a partir de agora deverá entrar em funcionamento pleno. Na semana passada, o presidente da Ande (estatal de energia do Paraguai), Victor Raúl Romero, afirmou que mais da metade da energia consumida em Assunção e região metropolitana já passava pela nova linha.

A cerimônia de inauguração do sistema está prevista para as 18h, com participação do presidente do Paraguai, Horacio Cartes, dos diretores brasileiro e paraguaio de Itaipu, Jorge Samek e James Spalding, além de outras autoridades dos dois países.

Antes do evento, Dilma e Cartes participam de uma reunião bilateral --será o quinto encontro entre os presidentes desde que Cartes tomou posse, em 15 de agosto.
Mais cedo, às 14h, a presidente estará em Curitiba, onde vai anunciar recursos para obras de mobilidade urbana.

BINACIONAL

A usina hidrelétrica de Itaipu, administrada por Brasil e Paraguai, fica na fronteira entre os dois países, no rio Paraná, entre os municípios de Foz do Iguaçu, do lado brasileiro, e Ciudad Del Este, do lado paraguaio.

Atualmente, ela é a segunda maior usina do mundo, com capacidade instalada de 14 mil MW. Fica atrás apenas de Três Gargantas, na China, que tem capacidade de 22,5 mil MW.
Pelo Tratado de Itaipu, de 1973, cada país tem direito a metade da energia produzida, mas o Paraguai consome menos de 10% de sua parte.

Como o Brasil financiou a construção da usina, a dívida do país vizinho é abatida com a venda ao Brasil do excedente da energia não consumida pelo Paraguai.

Em 2012, a usina binacional bateu recorde de produção e fechou o ano com uma geração total de energia de 98,3 milhões de megawatts/hora (MWh).


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