Folha de S. Paulo


Governo amplia limite de participação estrangeira no BB para até 30%

Em meio ao debate sobre a falta de recurso do governo federal para fazer aportes em bancos públicos, o Banco do Brasil recebeu autorização da presidente Dilma Rousseff para aumentar de 20% para 30% a participação estrangeira no seu capital.

Ivan Monteiro, vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores do banco, diz que a participação estrangeira já esta próxima do teto atual, tendo atingido 19,97% em maio deste ano.

Diz, ainda, que o aval não tem nenhuma relação com uma possível necessidade de capital do BB para fazer frente ao forte ritmo de expansão da carteira de credito dos últimos anos.

Ao vivo: ação do BB sobe com aumento no limite de estrangeiros em seu capital

"Não há, neste momento, nenhuma discussão sobre capitalização do BB", afirmou à Folha. Segundo ele, a autorização para aumentar a participação, comunicada ao mercado financeiro com a divulgação de um fato relevante, tem como objetivo aumentar a liquidez das ações do BB.

A estratégia, segundo Monteiro, é tentar aumentar as negociações dos papéis para elevar o valor de mercado do banco e garantir maior participação do BB na composição do Índice da BM&F Bovespa --o Ibovespa.

IBOVESPA

Ele explica que está prevista uma mudança na metodologia da composição do índice, que serve como referência para o mercado financeiro, no início do ano que vem. "A mudança vai abordar mais o valor de mercado em bolsa", diz. "O aumento da participação estrangeira aumenta a liquidez dos papéis, valoriza as ações, aumenta o valor de mercado do banco", justifica.

Com isso, de acordo com o executivo, fundos de investimento que perseguem o desempenho do índice da bolsa de valores, tenderão a comprar mais ações das empresas que compõem o indicador.

Segundo Monteiro, a autorização, não significa que o BB planeja fazer novo lançamento de ADR's lá fora (títulos lastreados em ações de empresas brasileiras e negociados no exterior), como ocorreu em 2009.

Em setembro daquele ano, o presidente Lula autorizou o aumento da participação estrangeira no BB, de 12,5% para 20%. Em dezembro, o banco lançou ADR's --termo em inglês dado às ações de empresas de fora dos EUA negociadas nas Bolsas americanas.

Antes, em maio de 2006, o BB já tinha elevado de 5,6% para 12,5% a presença estrangeira.

"A participação estrangeira já estava próxima do limite atual. Chegamos a 19,97% em maio deste ano. Precisamos elevar para não romper o nível. Além disso, o BB quer alternativas para aumentar a liquidez dos seus papeis. Isso não quer dizer que vamos necessariamente lançar ADR's", afirmou.

NEGOCIAÇÃO

Em setembro, segundo dados da Bovespa, o giro médio diário negociado de ações do BB foi de quase R$ 180 milhões. Isso se compara ao valor de R$ 327 milhões para as preferenciais do Itaú e de R$ 215 milhões para as do Bradesco.

Monteiro disse não há planos de fazer novos pedidos ao governo nesse sentido. "A gente acha que este limite é confortável para os próximos 30 ou 40 anos", afirmou.

O percentual de ações do banco em circulação é de 30,2% atualmente e, por isso, Monteiro avalia que os estrangeiros não têm como passar do limite de 30% de presença no capital do BB. "Elevamos o limite para 30% para não ter que solicitar ajustes ao governo toda hora."

Os outros quase 70% das ações do BB são detidas por governo, Tesouro e Previ, fundo de pensão dos funcionários do banco.

com agências


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