Folha de S. Paulo


Setor têxtil faz protesto no Anhembi contra importação de produtos chineses

Um grupo de manifestantes, empresários e trabalhadores do setor têxtil faz protesto em frente a uma feira de indústrias chinesas no Palácio de Convenções do Anhembi (SP). Os chineses querem estimular o aumento de importação de produtos do país.

"Isso é uma afronta" diz o empresário Ronald Masijah, que preside o Sindivestuário (Sindicato da Indústria do Vestuário).

A feira foi entendida pelas entidades do setor como uma provocação. Em reação, os manifestantes pretendiam despejar no local cinco toneladas de algodão em fardos que iriam interromper o acesso ao local.

"A PM [Polícia Militar] nos pediu para colaborar, e decidimos manter o protesto de forma pacífica. Nosso objetivo não é criar problemas, queremos discutir medidas que preservem o emprego e os fabricantes desse setor", diz o empresário.

O protesto, chamado de "grito de alerta", foi organizado pela Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), pelo Sinditêxtil-SP, pelo Sindivestuário, pela Conaccovest (Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados) e pela Força Sindical.

Segundo dados do IBGE, desde janeiro o setor demitiu cerca de 55 mil trabalhadores --10.422 do setor têxtil e 44.579 do de vestuário.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Sindicalistas durante manifestação no Anhembi onde acontece feira de produtos importados
Sindicalistas durante manifestação no Anhembi onde acontece feira de produtos importados

ORGANIZADORES

Pan Faming, diretor do Grupo China Trade Center, um dos organizadores do evento, afirmou em comunicado que o objetivo da feira é ser uma fonte de produtos para as confecções brasileiras, reduzindo custos de viagem --e não destruir empregos. Segundo ele, os organizadores foram surpreendidos pela convocação da manifestação.

Faming também diz que há distorções e erros no documento divulgado pelas entidades, já que o nome "Descubra o Caminho das Importações dos Grandes Varejistas" não tem uma conotação agressiva.

Segundo ele, houve uma reunião com a Abit e os demais promotores do evento, o Grupo China Trade Center e a CCCT (Câmara de Comércio da China para Importação e Exportação de Têxteis e Vestuário) para apresentar o projeto da feira em abril, que ocorreu "em clima de cordialidade".

Na ocasião, segundo ele, o nome do evento foi inclusive alterado de "Go Tex Brasil" para "Go Tex Show", a pedido da Abit.

Por fim, Faming afirma que todos os mostruários expostos no evento respeitarão as vias legais de entrada no país e que a Receita Federal estará supervisionando a feira.


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