Folha de S. Paulo


Empresa chinesa no consórcio de Libra é alvo de ampla investigação por corrupção

O gigante do petróleo CNPC, uma das duas estatais chinesa que fazem parte do consórcio vencedor no leilão do pré-sal, está no centro de uma ampla investigação por corrupção.

As primeiras notícias do escândalo, em setembro, coincidiram com a visita à China da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, justamente para apresentar o leilão às empresas chinesas.

Quatro altos executivos da CNPC perderam o cargo e foram enquadrados por "grave suspeita de violações de disciplina", termo geralmente usado pelo Partido Comunista para descrever atos de corrupção.

A suspeita se expandiu a ponto de todos os executivos de alto e médio escalão da empresa terem recebido ordem de entregar seus passaportes, para evitar fugas, segundo o jornal de negócios "Securities Daily".

CAÇA AOS TIGRES

A investigação é apresentada pelo governo como parte da cruzada anticorrupção lançada pelo presidente chinês, Xi Jinping, empossado em março. Xi prometeu caçar "de tigres a moscas", numa referência a corruptos de todos os escalões.

Mas analistas também apostam em um acerto de contas interno, destinado a abrir caminho para as reformas econômicas anunciadas pela nova liderança comunista, entre elas a redução do poder das estatais.

O maior "tigre" caçado até agora foi Jiang Jiemin, o primeiro a cair na investigação que tem abalado o estratégico setor de petróleo chinês.

Ex-presidente da CNPC, Jiang era chefe de uma agência que monitora as estatais, cargo de nível ministerial, até ser destituído por suspeita de corrupção.

IMPACTO

Um gigante com receita estimada em US$ 408,6 bilhões no último ano, a CNPC é a quinta maior empresa do mundo, de acordo com o mais recente ranking da revista "Fortune".

Em quarto lugar está outra empresa de petróleo chinesa, Sinopec, que também era uma das candidatas no leilão do pré-sal, em parceria com a espanhola Repsol.

Executivos da CNPC disseram ao jornal "South China Morning Post" que a investigação tem sido tão ampla que já temem uma queda na produção da empresa.

No noticiário da imprensa chinesa sobre a participação das estatais do país no consórcio que venceu o leilão do pré-sal brasileiro, nada foi mencionado ontem sobre as suspeitas de corrupção que rondam a CNPC.

Porém, analistas chineses voltaram a enfatizar os riscos para as empresas do consórcio. Incluindo a incertezas sobre a produtividade do campo a médio prazo e as amarras do sistema de partilha, que dão à Petrobras o controle operacional.

"Os riscos são conhecidos, mas a demanda da China por petróleo é tamanha que o país não tem saída, precisa diversificar suas fontes", disse à Folha Lin Boqiang, chefe do Centro de Pesquisa Energética da China.


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