Folha de S. Paulo


Mantega diz que governo está 'muito satisfeito' com leilão

O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que o leilão do campo de Libra foi um sucesso, nesta segunda-feira 21, após consórcio liderado pela Petrobras arrematar o campo, ganhando o direito de exploração do pré-sal na área.

"O governo está muito satisfeito. É o maior leilão do gênero que ja fizemos no Brasil e espero que seja o maior por enquanto", afirmou.

São previstos US$ 180 bilhões de investimentos durante os 35 anos de duração do leilão, dos quais parte importante será gasta nos próximos dez anos. "Isso vai confirmar que a cadeia de gás e petróleo é o segmento onde nós vamos ter mais investimentos no país nos próximos anos", disse.

Mantega afirmou que o grupo ganhador é muito bem equilibrado, uma "parceria público-privada de empresas de alto nível que estão habilitadas para a exploração deste petróleo no tempo mais rápido, que o que é o que interessa". Mantega disse que existe um alto índice de nacionalização de equipamentos a serem utilizados no campo de Libra, o que vai desenvolver a indústria nacional. "Só a indústria de bens de capital, por exemplo, terá uma demanda forte por investimentos".

O ministro destacou que o Brasil estará na dianteira da exploração do petróleo de quinta geração, em águas profundas.

A Petrobras terá uma porcentagem de 10%, mais os 30% obrigatórios. A Shell ficou com 20%, a Total com outros 20% e CNPC e CNOOC com 10% cada.

O consórcio terá direito de explorar a área por 35 anos, consumindo cerca de R$ 400 bilhões em investimentos. Além disso, serão pagos bônus de R$ 15 bilhões ao governo, que serão usados para cumprir a meta do superavit primário.

O ministro também afirmou que a conta-petróleo, atualmente deficitária, deve atingir o superavit ja no ano que vem, e que, com o pré-sal, haverá excedentes para exportação. Até 2020, a previsão é de que a produção atinja 4 milhões de barris diários. Hoje, ela está em 2 milhões.

O ministro também disse que a estatal tem caixa e recursos suficientes para pagar sua parcela de R$ 6 bilhões, dos R$ 15 bi que serão pagos pelo consórcio ao governo. Segundo ele, não há aumentos previstos no preço do combustível, mas a produção da estatal deve crescer, aumentando a receita.

O pagamento do bônus deve ser feito na assinatura do contrato, que deve ocorrer dentro de 30 a 45 dias. O ministro calcula que US$ 4 bilhões sejam trazidos pelas empresas para o pagamento, em uma conversão normal de mercado que não causa "nenhuma preocupação".

A taxa de 41,65% de retorno, segundo Mantega, não deixou o governo triste, porque as atividades exploratórias são altamente rentáveis. Também negou frustração em relação a participação de apenas um consórcio na disputa. "Como foi um consórcio com várias empresas, foi um perfeitamente satisfatório", diz ele. No futuro, ele afirmou que espera mais consórcios participantes, mas que isso é difícil por causa da tecnologia e investimentos exigidos para esse tipo de exploração.

Mantega negou que o governo cogite fazer alterações no atual modelo do leilão.


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