Folha de S. Paulo


Regra de conteúdo nacional passa de salvação a algoz

A exigência de um mínimo de encomendas na indústria brasileira do setor de petróleo, o chamado conteúdo nacional, ao mesmo tempo que gera empregos e garante um PIB (Produto Interno Bruto) melhor, está se tornando um limitador para a aceleração da produção de petróleo no país, segundo o setor.

A própria ANP já admite não fazer leilões em 2014 e empurra para daqui a dois ou até três anos o próximo leilão do pré-sal. E nunca mais uma área tão grande como o campo de Libra.

O motivo seria o "porte do negócio, a mobilização de recursos financeiros, humanos, de bens e serviços disponíveis no mundo", segundo Magda Chambriard, presidente da agência.

Mesmo Libra poderia ter um desenvolvimento mais rápido se não houvesse exigência de conteúdo local. Especialistas avaliam que, por já ter sido descoberto e ter dados mais evoluídos do que qualquer outra área já leiloada no Brasil, o campo poderia produzir antes do que os cinco anos previstos.

Se for realmente comprado por chineses, em parceria com a Petrobras, maior aposta do mercado, o campo de Libra poderia ser beneficiado pelo conhecimento chinês na construção de plataformas. Além de acelerar o processo, reduziria o custo.

A queda do ritmo de crescimento da indústria do setor, com algumas empresas em crise, se deveu a cinco anos sem leilões, o que freou a expansão do setor.

Mesmo o leilão de Libra não vem animando muito as empresas. Na fase de exploração poucos equipamentos são demandados, e o temor é que a China forneça grande parte dos mais sofisticados, o que não estimularia o desenvolvimento tecnológico brasileiro.


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