Folha de S. Paulo


Previ deve antecipar fim de benefício para 118 mil

Com a deterioração da economia global, a alta da inflação e a freada das Bolsas de Valores, a Previ, maior fundo de previdência privada do país, ameaça antecipar em um ano o fim do pagamento de um benefício temporário voltado para cerca de 118 mil funcionários, aposentados e pensionistas do Banco do Brasil.

O fim do BET (Benefício Especial Temporário), inicialmente previsto para dezembro de 2014, deve ser antecipado, com depósito até o último mês deste ano.

O valor extra corresponde a 20% do benefício recebido por aposentados e pensionistas e está ativo desde 2010 para quem foi admitido até 1997. São os integrantes do chamado Plano 1. Os 28 mil funcionários ativos não sacam o dinheiro atualmente, mas têm o valor depositado mensalmente.

Além disso, a cobrança de contribuições para o fundo de funcionários admitidos até 1997, suspensas desde 2007, deve voltar também em 2014. No entanto, isso não ocorrerá necessariamente junto com o fim do BET.

Entre as justificativas estão a freada das Bolsas mundiais, que têm acumulado perdas seguidas, e a inflação acima do previsto, o que fez com que os benefícios tivessem reajustes maiores.

"Um cenário global mais turbulento e a perspectiva de juros mais baixos no longo prazo sinalizam o fim desse ciclo [em referência a economia mais aquecida], ainda que a taxa básica de juros esteja sendo elevada gradualmente pelo Banco Central desde abril", afirma Dan Conrado, presidente da Previ na revista do fundo.

RESERVA

O diretor de seguridade da Previ, Marcel Barros, diz que, pela regulamentação previdenciária, benefícios adicionais só podem ser pagos quando o fundo tiver uma reserva superior a 25% do valor que é necessário para garantir o pagamento dos participantes.

Para isso, o ativo total líquido deve ser maior do que R$ 136 bilhões. Atualmente, é de cerca de R$ 133 bilhões, mas o número que será considerado para a suspensão ou não do benefício será o apurado em dezembro.

Os aposentados, no entanto, estudam entrar na Justiça para que o benefício seja mantido. O advogado da AAPPrevi (Associação dos Participantes, Assistidos e Pensionistas do Plano de Benefícios nº 1 da Previ), José Tadeu de Almeida Brito, afirma que esse "colchão financeiro precisa ser grosso, entretanto, não tem que ser necessariamente de 25%".

"Se fossem obrigatórios os 25% estaria na lei a expressão 'no mínimo 25%'. Portanto, entendemos que 25% é teto ou percentual máximo e não patamar mínimo."


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