Folha de S. Paulo


A um dia do calote, Bolsas sobem com otimismo sobre impasse nos EUA

Faltando apenas um dia para que os Estados Unidos deem calote em seus credores, investidores acompanham com cautela as negociações entre democratas e republicanos para que seja elevado o teto da dívida do governo americano nesta quarta-feira (16).

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tinha alta de 0,76% às 10h56 (horário de Brasília), aos 55.402 pontos. O indicador acompanha o bom humor visto nos mercados americanos, com o índice Dow Jones subindo 1,12% no mesmo horário, enquanto o S&P 500 avançava 0,59% e o Nasdaq ganhava 0,98%.

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Os investidores operam otimistas de que os políticos dos Estados Unidos irão firmar um acordo de última hora para evitar que o país declare o calote na dívida, evento que poderia prejudicar os mercados e economias mundo afora.

Amanhã é considerada a data limite para que um acordo seja firmado, pois seria quando os EUA gastariam os últimos recursos disponíveis para honrar sua dívida. Também seguem as conversas para definir o orçamento dos EUA para o ano fiscal que começou em outubro.

Até que isso ocorra, segue a paralisação do governo dos EUA, que já está em sua terceira semana. Nesse período, parques, museus e outros espaços públicos permanecem fechados, além de milhares de funcionários estarem impedidos de trabalhar, numa medida radical para cortar imediatamente os gastos do governo americano.

Editoria de Arte/Folhapress

Segundo especialistas consultados pela Folha, apesar de o impasse nos EUA exigir cautela, a chance de que republicanos e democratas não cheguem a um consenso é pequena.

"Os Estados Unidos não devem deixar que ocorra o calote. Estamos falando de muito dinheiro que deixaria de ser pago aos credores, sendo a economia chinesa o principal deles. Imagina o efeito em cadeia: EUA dão calote na China, que dá calote em nos países com os quais mantém relações comerciais, ou seja, o Brasil e o mundo. Um estrago sem precedentes. Isso não irá acontecer", diz Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho.

"Eu já imaginava que eles [democratas e republicanos dos EUA] tomariam todo esse tempo para ver se uma das partes cederia em suas imposições. É natural que, com a pressão do prazo, algum lado tenha que abrir mão de algo para que seja possível um consenso", avalia Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora.

CÂMBIO

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha baixa de 0,81% em relação ao real, às 11h01, cotado em R$ 2,163 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedia 0,73% no mesmo horário, a R$ 2,164.

O movimento da moeda americana reflete o otimismo dos investidores em relação a uma solução ao impasse nos EUA, que motiva a menor procura por aplicações consideradas mais seguras, como o dólar.

Além disso, o Banco Central realizou mais cedo um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro. A autoridade vendeu, ao todo, 10 mil contratos com vencimento em 5 de março de 2014, por US$ 497,7 milhões. A operação estava prevista pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar.


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