Folha de S. Paulo


Emprego na indústria tem pior queda desde abril de 2009

Com as fábricas afetadas pela estagnação na produção diante da fraca confiança de empresários, da perda de fôlego do consumo interno e de uma invasão de produtos importados, a indústria segue a tendência de perda de postos de trabalho.

De julho para agosto, o emprego no setor caiu 0,6% na série livre de influências sazonais (típicas de cada períodos), segundo dados do IBGE divulgados nesta quinta-feira (10).

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Trata-se da quarta queda consecutiva nessa base de comparação e da mais intensa desde abril de 2009, quando o setor sentia os reflexos da crise global detonada no fim de 2008.

Nesses quatro meses, o emprego no setor acumula uma perda de 1,3%.

Combalido mais recentemente pelos juros mais altos e o crédito caro e escasso, o emprego na indústria está perto de completar dois anos de retração.

Na comparação com agosto de 2012, houve queda de 1,3% na comparação com agosto de 2012. Foi o 23º resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e o mais intenso desde dezembro (-1,4%).

Com esse resultado, o índice acumulado para os oito primeiros meses de 2013 registrou uma perda de 0,8%. Já taxa anualizada, índice acumulado nos últimos 12 meses, registrou retração de 1%.

PERDA GENERALIZADA

Os dados do IBGE mostram uma perda generalizada do emprego na indústria, com queda em 13 dos 18 setores pesquisados e em 13 das 14 regiões investigadas pela pesquisa.

Setorialmente, foram fechados mais postos de trabalho em agosto, na comparação com igual mês de 2012, nos ramos de calçados, fumo, refino de petróleo entre outros.

Setores Variação agosto 2012/ agosto 2013, em %
Fumo -8,5
Madeira -5,7
Refino de petróleo e álcool -5,1
Calçado e couro -4,7
Produtos de metal -4,6
Têxtil -4,4
Eletrônicos e comunicações -4,3
Outros produtos da ind. Transformação -3,6
Máquinas e equipamentos -2,9
Minerais não-metálicos -2,1
Papel e gráfica -1,3
Vestuário -0,7
Indústrias extrativas -0,1
Metalurgia básica 0,6
Alimentos e bebidas 0,8
Produtos químicos 1,1
Meios de transporte 1,3
Borracha e plástico 3,3
Indústria Geral -1,3

Já os piores desempenhos ficaram com a região Nordeste, São Paulo e Bahia --a produção industrial em Estados nordestinos foi afetada pelo apagão de agosto deste ano. Santa Catarina foi a única área onde o emprego cresceu.

RENDA NA INDÚSTRIA

Em agosto, o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria (indicador do rendimento do setor) caiu 2,5% de julho para agosto, após uma expansão de 0,5% em julho.

Foi o recuo mais expressivo desde janeiro deste ano (-5,3%). Segundo o IBGE, "houve clara influência da queda de 15,5% no setor extrativo". É que com o lucro menor da Petrobras reduziu-se o pagamento de participação nos lucros e resultados aos empregados da empresa.

Excluído o setor extrativo, a perda foi menor: 1,3% de julho para agosto.

Em relação a julho de 2012, a folha de pagamento, que incluí salários, benefícios, horas extras e gratificações, caiu 0,2% em agosto de 2013 e interrompeu 43 meses de taxas positivas consecutivas nesse tipo de comparação.

De janeiro a agosto, o rendimento na indústria somou expansão de 2,4%, apesar da queda recente.

Já o índice acumulado nos últimos 12 meses registrou alta de 3,7% até agosto.


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