Folha de S. Paulo


Banco Central confirma apostas e sobe juro básico, a Selic, para 9,5% ao ano

O Banco Central (BC) subiu nesta quarta-feira (9) o juro básico da economia brasileira, a taxa Selic, em 0,50 ponto percentual, para 9,5% ao ano. É a quinta alta seguida da taxa.

A decisão foi unânime e o aumento confirmou a principal aposta dos economistas, baseada no atual cenário de pressão inflacionária. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou alta de 5,86% no acumulado dos últimos 12 meses terminados em setembro, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE pela manhã --é a primeira vez no ano que o indicador fica abaixo de 6%.

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O Copom (Comitê de Política Monetária) avalia, segundo comunicado, "que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano".

Editoria de Arte/Folhapress

A elevação dos juros é um instrumento usado pelo governo para conter o consumo, uma vez que o crédito (tanto empréstimos em instituições financeiras quanto parcelamentos em lojas, por exemplo) fica mais caro. E, com menos demanda, a inflação tende a ceder.

PERSPECTIVAS

Segundo especialistas ouvidos pela Folha, o ciclo de aumento da Selic deve se encerrar na próxima reunião do Banco Central, em novembro, com provável elevação de 0,25 ponto percentual na taxa, uma vez que a intenção da autoridade é conter o avanço dos preços no país no ano que vem.

"O próximo ano é eleitoral. Isso significa que o governo vai gastar mais e, consequentemente, haverá um aumento maior nos preços", explica Manuel Enriquez Garcia, presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia - São Paulo) e da Ordem dos Economistas do Brasil.

De acordo com o último boletim Focus, publicação semanal do Banco Central que traz as projeções econômicas de instituições financeiras consultadas pela autoridade, o IPCA deve encerrar 2013 em alta de 5,82%. Para 2014, mesmo após a alta da Selic, a expectativa é chegar a 5,95%.

"O patamar da inflação, embora o ministro da Fazenda [Guido Mantega] diga que está controlado, continua elevado, o que justifica o fim do ciclo de aumento da Selic apenas na última reunião do BC no ano", avalia João Brügger, da Leme Investimentos.

O processo, no entanto, dependerá do comportamento do IPCA. "Por enquanto, não há sinais que a inflação vai cair a 5,5%, patamar mais confortável. Apesar disso, é importante monitorar os grupos alimentação e serviços, os mais afetados pelo aperto monetário", afirma Garcia.

Segundo o economista, se esses dois grupos mostrarem um bom comportamento, "será um indicativo de que a política do BC foi efetiva, deixando a autoridade tranquila para encerrar o ciclo de aumento da Selic em novembro."


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