Folha de S. Paulo


Empresa que atua em setor religioso deve fugir de clichê

Pouco depois de se tornar membro de uma igreja evangélica, Adriano Carapiá, 40, virou também empresário.

Ele frequenta a igreja Metodista Wesleyana e é dono de uma livraria especializada em itens religiosos. No ano passado, passou a vender também roupas pela internet no site Camisa Gospel.

Empresário deve se planejar para aproveitar festas de cada religião

Editoria de Arte/Folhapress
Fé nas vendas Negócio religioso exige estudo do público-alvo
Fé nas vendas Negócio religioso exige estudo do público-alvo

Como atrativo, Carapiá oferece modelos que misturam ícones da cultura pop e mensagens bíblicas. Em sua loja, o torneio de lutas UFC vira "único foco é Cristo".

"Nosso meio de divulgação das camisas é a participação em congressos e encontros. Estamos negociando parcerias com cantores, para vender camisetas exclusivas deles em nosso site e patrocinar shows", afirma.

Empresas como a de Carapiá mostram que nichos de mercado criados por fiéis de diferentes religiões buscam itens específicos para seu consumo e geram oportunidades de negócios.

Segundo o diretor acadêmico da ESPM, Ismael Rocha, não é necessário compartilhar as crenças dos clientes para empreender no setor, apesar de atualmente a maior parte dos negócios nascerem por iniciativa dos fiéis.

É preciso, no entanto, conhecer bem os valores e a cultura desse público, diz.

Para a descoberta de oportunidades, Rocha sugere fugir de estereótipos, como a venda de saias compridas para evangélicas ou santos para católicos.

"Existe nesse mercado uma falta de conhecimento das expectativas do público."

VENDENDO DE FORA

Gabriela Onofre, 40, foi uma das que conseguiram encontrar uma forma de atender um público religioso, mesmo sem ser da mesma religião.

Primeira franqueada brasileira da rede portuguesa O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo, ela possui uma cafeteria no bairro de Higienópolis, em São Paulo.

Onofre decidiu explorar o nicho de mercado formado pela comunidade judaica da região após ver seu movimento ser impulsionado por esse público.

"Servimos um bolo de chocolate que é feito sem farinha. Logo começamos a ver que isso levou a uma maior procura de judeus, principalmente em datas festivas."

Incentivada pelos clientes, que lhe perguntavam se o leite servido na loja era kasher (feito segundo regras da Torá, escrituras sagradas do judaísmo), ela adequou sua produção às exigências.

Hoje, a produção dos alimentos e os pontos de venda de toda a rede são certificados por empresas especializadas e inspecionados anualmente por um rabino.

"Em determinadas épocas do ano [em que a dieta é mais restrita], eles têm poucas opções como a nossa", afirma a empresária.

Zé Carlos Barretta/Folhapress
Adriano Elias Carapia (abaixo) e Augusto Junior, sócios da Camisa Gopel
Adriano Elias Carapia (abaixo) e Augusto Junior, sócios da Camisa Gopel

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