Folha de S. Paulo


Com novo teto do FGTS, cliente deve ficar atento a aumento no valor do imóvel

A elevação do teto do FGTS pode se refletir no aumento do valor do imóvel, já que muitas construtoras "seguravam" os preços para não perder clientes que não comprariam sem a ajuda do fundo.

Essa é a preocupação da Amspa (Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências). Ana Carolina Bernardes, diretora jurídica da entidade, afirma que "agora é a hora de o consumidor pesquisar e pechinchar", já que a reação do mercado vai depender da atitude do cliente.

As entidades que representam o setor imobiliário ressaltam que não haverá um lado ruim para o consumidor. Segundo Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), 42% dos imóveis lançados nos últimos 12 meses na capital paulista já estavam acima de R$ 500 mil, logo a mudança não vai induzir a um aumento no preço.

De acordo com Odair Senra, vice-presidente do SindusCon-SP (sindicato das construtoras), as empresas estavam perdendo clientes, que preferiam esperar para juntar mais dinheiro a comprar um imóvel com menor valor que se enquadrasse nas regras.

Editoria de Arte/Folhapress

"A composição do preço é muito apertada", diz, reiterando que o mercado é competitivo.

Já Renato Ventura, diretor da Abrainc (Associação Brasileira das Incorporadoras), destaca que não haverá pressão inflacionária porque "a medida vem atrás de um aumento que já ocorreu".

PARCELA FINANCIADA

Na avaliação de José Pereira Gonçalves, especialista em mercado imobiliário, quem estava adiando a compra poderá usar o dinheiro do FGTS para dar uma entrada maior. Até 2005, os brasileiros financiavam menos da metade do valor. Esse patamar foi subindo e chegou a 65,1%.

Joe Khzouz, presidente da incorporadora Bko, com foco no alto padrão, chama a atenção para um gargalo que surgiu com a disparada dos preços e que agora pode ser atenuado. "Muitas vezes, a gente lança um imóvel dentro do SFH [Sistema Financeiro de Habitação], mas, na hora de o cliente financiar [por um banco], ele não se enquadra mais no SFH", diz, o que criava um problema para clientes e empresas.


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