Folha de S. Paulo


Mantega diz que vê melhorias na economia e torce por expansão fiscal nos EUA

O ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou nesta segunda-feira (30) que já tem indicações de melhoria da economia brasileira e que, com o resultado do último trimestre, existe a possibilidade do crescimento do PIB ser maior do que a previsão atual de 2,5%.

Mais cedo, o Banco Central informou sua nova estimativa de crescimento do PIB, de 2,5%, frente a projeção anterior de 2,7%.

O ministro também afirmou que o governo não cumprirá a meta do superavit de 3,1% e que seu cumprimento não é indispensável para reduzir a dívida pública.

Mantega defendeu uma política de expansão fiscal nos Estados Unidos. O país vota essa semana a possível elevação do teto da dívida. Caso o Congresso negue o aumento, os EUA cortarão gastos, algo ruim para o Brasil, segundo Mantega.

"Se o Congresso americano exigir que o governo corte despesas, isso vai prejudicar a economia americana. Seria bom para nós que não houvesse essa política", afirmou.

O ministro também disse que tem tido uma boa resposta dos banqueiros privados sobre sua participação nas concessões de infraestrutura. "Os grandes bancos disseram para mim: 'estamos dispostos', disse Mantega. Bancos poderão financiar os consórcios vencedores assim como os bancos privados.

O ministro afirmou que a desvalorização do câmbio será favorável ao desempenho da indústria brasileira, segundo ele, a mais afetada pela crise de 2008. "É importante ter câmbio flexível e mais desvalorizado", afirmou.

Mantega também afirmou que o governo se esforçará na contenção fiscal com o intuito de aumentar investimentos. Para isso, ele afirmou que o deficit da previdência está caindo, a folha de pagamento também está caindo, e que o próximo passo é cortar gastos com pagamento de juros. "Deve-se criar condições para gastar cada vez menos, reduzindo dívidas, para que esse dinheiro vá para investimento, mantendo as contas sobre controle", disse.

PIB PER CAPITA

O governo estima crescimento de 40% da renda per capita e de 4% do PIB (média anual) nos próximos dez anos. O dado foi apresentado por Mantega.

Mantega estima que a renda per capita seria dobrada entre 15 e 20 anos, com investimento de 7% ao anos. Nos últimos dez anos, a renda per capita cresceu 28%, com crescimento médio do PIB de 3,6% por ano. A previsão de Mantega é que esse ritmo seja acelerado, impulsionado pelos investimentos em infraestrutura. Outro fator destacado pelo ministro é a melhoria do resultados e aumento dos investimentos da Petrobras.

Para isso, Mantega afirmou que os investimentos em infraestrutura e em educação serão as chaves para atingir esses números. "Somos carentes em infraestrutura", disse.

O ministro destacou que as concessões serão estratégicas para esses crescimento, e que elas atenderão uma demanda preexistente.

"O leilão de Libra já foi um sucesso", afirmou. Um dos maiores campos do pré-sal teve 11 empresas interessadas, mas não contará com a participação de grandes do setor.

Segundo ele, não está havendo uma grande expansão do consumo no Brasil, porque o crédito está estagnado. "O crédito está contido [pelos bancos], se liberar, o consumo cresce" disse.


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