Folha de S. Paulo


BC reduz expectativa para alta do PIB e prevê inflação de 5,8% neste ano

O Banco Central rebaixou novamente a previsão para a expansão da economia brasileira em 2013.

A estimativa agora é de crescimento de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto), frente ao avanço de 2,7% projetado anteriormente. No início do ano, a previsão era de alta de 3,1%. A inflação também deve ser menor este ano, ficando em 5,8%. Antes, a projeção era de 6% de alta.

As informações foram divulgadas pela autoridade monetária nesta segunda-feira (30).

Hoje, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que com o resultado do PIB do último trimestre existe a possibilidade do crescimento ser maior do que os 2,5% estimados.

INFLAÇÃO

A previsão de inflação, medida pelo IPCA, em 5,8% no ano considera o chamado "cenário de referência", que pressupõe o dólar cotado a R$ 2,35 e a taxa básica de juros (Selic) em seu patamar atual, de 9% ao ano.

Neste cenário, a inflação ficará em 5,7% no ano que vem, acima da previsão anterior de 5,4%. Para 2015, a taxa se mantém em 5,5% (estimativa até o terceiro trimestre apenas).

A taxa ficará, portanto, próxima a 6% até o final do governo Dilma Rousseff, bem distante do centro da meta definido pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,5%. A meta de inflação estipulada pelo governo tem intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para baixo ou para cima.

Nos dois primeiros anos do mandato de Dilma, a inflação também foi alta. Em 2011, bateu no teto da meta, fechando o ano em 6,5%. No ano passado, ficou em 5,84%.

As projeções feitas pelas instituições privadas, o "cenário de mercado", corroboram a previsão oficial de inflação elevada. As estimativas são idênticas para 2013 (5,8%) e para 2014 (5,7%). A diferença aparece em 2015, ano para o qual o mercado avalia que o IPCA fique em 5,4% até o terceiro trimestre. Esse cenário considera, contudo, uma taxa Selic de 9,54% e o dólar cotado a R$ 2,37 no fim de 2013. Já no ano que vem, a previsão do mercado considera Selic de 9,75% e dólar a R$ 2,40.

O BC admitiu que o cenário é de inflação "elevada" no médio prazo.

"As projeções indicam de fato um recuo lento da inflação. É o que está dito, mesmo no cenário de mercado, com a taxa selic indo a 9,75% [em 2014], a projeção de inflação ainda é elevada", afirmou Carlos Hamilton, diretor de política econômica do Banco Central.

Ele afirmou que ainda há riscos para a inflação, como no caso dos reajustes de salários, mas que o BC seguirá trabalhando para entregar uma inflação mais baixa no final do ano.

"É uma situação que pode evoluir para melhor a depender das ações que foram sendo tomadas ao longo do tempo", disse. "A economia está sistematicamente sujeita a choques, às vezes favoráveis, às vezes desfavoráveis. Esses são efeitos não antecipados. Procuramos sempre tomar a melhor posição, considerando nosso conjunto de informação e julgamento."

Em março deste ano, Hamilton, já havia afirmado que um cenário em que a inflação convergisse para o centro da meta este ano era "irrealista". Na ocasião, o relatório projetava inflação de 5,7% para o ano.

POLÍTICA FISCAL "NEUTRA"

Apesar dos resultados frustrantes divulgados recentemente pelo governo para o superávit primário, o BC afirmou que "se criam condições para que, no horizonte relevante para a política monetária, o balanço do setor público se desloque para a zona de neutralidade".

Até julho último, a avaliação do BC era de que a política fiscal do governo era expansionista. Segundo a instituição, não houve mudança no critério, mas no período analisado. Antes, o BC estava "olhando para trás" e agora está "olhando para frente", avaliando as perspectivas para a política fiscal até setembro de 2015.

"Não há inconsistência entre as mensagens", afirmou Hamilton. "A geração de superavit em patamares semelhantes ao que vem sendo obtidos é compatível com razão dívida/PIB estável nos próximos anos", justificou.

Ele não quis detalhar, contudo, quais fatores específicos fizeram o BC projetar tal mudança no perfil das contas públicas. Hamilton afirmou que há "um conjunto amplo" de informações que alimentam os modelos do Banco Central e que eles apontam para esse cenário.

"Não estamos nem mais nem menos preocupados com a política fiscal. Na primeira metade da década passada, foram gerados superavits de 4% e 5% do PIB, quando havia preocupação grande com solvência. Essa questão hoje não está posta. É chocante, mas o Brasil melhorou nos últimos dez, quinze anos", afirmou.

PIB

No relatório, o BC ainda avaliou o crescimento do PIB por setores. Na ótica da oferta, reduziu de 1,2% para 1,1% sua estimativa para o avanço da indústria.

Na indústria, a expectativa é de queda de 2,8% da indústria extrativa (contra queda de 3,1% no relatório anterior, de junho) e expansão de 1,9% da construção civil (contra 1,1% anteriormente) e de 1,5% para a indústria de transformação (alta de 2,3% no anterior).

O crescimento do setor de serviços também foi revisado para baixo, de 2,6% para 2,3%, enquanto o avanço do PIB do segmento agropecuário foi elevado de 8,4% para 10%, puxado pelo desempenho melhor que o esperado do setor no segundo trimestre do ano.

No âmbito da demanda, a autoridade monetária destaca o aumento de 6,1% para 6,5% para a expectativa de crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicativo dos investimentos.

FAMÍLIAS

O consumo das famílias, para o BC, deve crescer 1,9% em 2013, ante estimativa anterior de 2,6%, enquanto para o consumo do governo a projeção passou de 2,4% para 1,8%.

Já o componente externo da demanda terá contribuição negativa de 1 ponto percentual para o PIB este ano, de acordo com o BC, resultado de uma alta de 1,7% das exportações (2,8% na estimativa do relatório anterior) e de avanço de 8,4% das importações (ante 7,6% na estimativa anterior).

O crescimento para o PIB acumulado no período de quatro trimestres encerrado em junho de 2014 é estimado em 2,5%, contra 1,9% no mesmo tipo de comparação, no segundo trimestre deste ano.

com agências de notícias


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