Folha de S. Paulo


Taxa de juros sobe para 28% em agosto; inadimplência é a menor em mais de 2 anos

A taxa média de juros com recursos livres, que correspondem aos empréstimos concedidos pelos bancos de acordo com as condições de mercado, ficou em 28% ao ano em agosto. Trata-se de uma alta de 0,5 ponto percentual em relação a julho, informou o Banco Central nesta sexta-feira (27). A taxa é a maior desde maio de 2012.

No segmento de pessoa física, a taxa média ficou em 36,5% a.a, aumento de 0,3 p.p. -- também foi o maior nível desde maio de 2012. Já no de pessoa jurídica, a alta foi de 0,6 p.p, chegando a 20,6% a.a.

A alta dos juros torna mais caro fazer compras parceladas e tomar empréstimos, o que desestimula o consumo. O aumento dos juros médios no mercado é reflexo do aumento da taxa básica (Selic), que já subiu quatro vezes desde abril, para 9% ao ano. O BC está elevando os juros para controlar a inflação.

Apesar da alta no crédito livre, ficou estável a taxa média de juros com recursos direcionados, que incluem os financiamentos concedidos pelo BNDES, o crédito habitacional e o rural. Ela se manteve em 7,2% a.a.

Com isso, a taxa média de juros total praticada no país chegou a 19,3% em agosto, alta de 0,2 p. p. frente a julho.

Veja abaixo as taxas de juros ao ano por segmento em agosto:

Segmento Taxa de juros ao ano, em %
Cheque especial 138,9
Crédito pessoal 79,2
Consignado para servidor 22,5
Consignado para trabalhador do setor privado 30,4
Consignado do INSS 27
Aquisição de veículos 20,9
Aquisição de outros bens 67,6

INADIMPLÊNCIA AINDA EM QUEDA

Mesmo com a subida dos juros, a inadimplência média voltou a cair. O recuo foi de apenas 0,1 p.p, para 5,1%, mas o suficiente para colocar o índice de calote no menor patamar em mais de dois anos. Antes, a taxa mais baixa havia sido em junho de 2011, quando bateu 4,9%.

Em agosto, a inadimplência caiu entre os consumidores, de 7,2% para 7,1%, e entre as empresas, de 3,5% para 3,4%.

SALDO

O saldo total de empréstimos alcançou R$ 2,578 trilhões em agosto, expansão de 1,3% frente ao mês anterior.

Com isso, o volume total de financiamentos passou a representar 55,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no mês passado, frente a uma proporção de 55,2% alcançada em julho e de 51,5% em agosto do ano passado.

A concessão de crédito cresceu 2,1% em agosto frente ao mês anterior, após dois meses de queda. No total, foram concedidos R$ 301 bilhões.

A concessão média diária teve avanço ainda mais expressivo, de 6,8%, com destaque para o segmento de crédito direcionado que saltou de R$ 1,6 bilhão concedidos por dia em julho para R$ 2,1 bilhões diários em agosto.

O prazo das concessões também aumentou, de 93,9 meses em julho para 98 meses em agosto, alta e 4,1%.

SPREAD RECUA

O spread bancário total --diferença entre o custo de captação e o valor cobrado do tomador de empréstimo e que constitui a maior parte do lucro bancário-- chegou a 11,3 p.p, pequena queda de 0,1 p.p.

No caso dos recursos livres, o spread se manteve em 17,7 p. p. No crédito direcionado, houve leve queda de 0,1 p.p, colocando o indicador em 2,4 p.p em agosto.


Endereço da página: