Folha de S. Paulo


BC dos EUA surpreende mercado ao manter estímulos à economia

O BC dos EUA surpreendeu o mercado ao anunciar nesta quarta-feira a manutenção do programa de compra de títulos de US$ 85 bilhões mensais, criado na crise para estimular a economia do país.

Os analistas esperavam uma redução do programa para esta reunião de setembro baseados nas indicações dadas pelo presidente da instituição, Bem Bernanke, nos últimos meses sobre uma possível retirada gradual já a partir deste ano.

"O aperto das condições financeiras observado nos últimos meses, se sustentado, poderia desacelerar o ritmo de melhora na economia e no mercado de trabalho", disse o Fed em comunicado.

A decisão foi tomada diante de um quadro um pouco mais sombrio para o crescimento econômico pintado por autoridades do Fed. Em um novo conjunto de estimativas trimestrais, o Fed projeta agora crescimento entre 2% e 2,3% neste ano, ante 2,3% a 2,6% em sua estimativa de junho. A redução da expectativa para o próximo ano foi ainda mais forte.

A maioria das autoridades, 12 de 17, também projetou que a primeira alta da taxa de juros não acontecerá antes de 2015, embora as estimativas sugiram que o patamar para avaliar um aumento da taxa deve ser atingido já no próximo ano.

O Fed reiterou ainda que não começará a elevar os juros pelo menos até que o desemprego caia para 6,5%, desde que a inflação não ameace ir acima de 2,5%. A taxa de desemprego nos EUA estava em 7,3% em agosto.

"Não podemos deixar as expectativas de mercado ditarem nossas ações", afirmou Bernanke. Ele assegurou que o Fed vai se esforçar ao máximo para comunicar as intenções da política monetária.

O Fed disse ainda que a economia ainda está realizando progressos, mesmo frente aos aumentos dos impostos e cortes de orçamento em Washington.

As autoridades deixaram claro que ainda estão avaliando exatamente quando começar a reduzir o estímulo de compra de títulos.

"O comitê decidiu aguardar mais evidências de que o progresso será sustentado antes de ajustar o ritmo de suas compras", disse.

Esther George, presidente do Fed de Kansas City, foi novamente dissidente, afirmando estar preocupada com as bolhas financeiras devido à política de taxas de juros baixas do Fed.


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